Deputada citada por acusados da Operação Voucher nega envolvimento e coloca sigilo bancário, fiscal e telefônico à disposição

12/08/2011 - 20h37

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - A deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) disse hoje (12), por meio de nota, que o seu sigilo bancário, fiscal e telefônico estão à disposição da sociedade. A parlamentar tomou esta decisão, depois que teve o seu nome envolvido no esquema de devio de recursos públicos do Ministério do Turismo.

Ao menos três das 36 pessoas presas por envolvimento com o esquema investigado pela Operação Voucher, deflagrada pela Polícia Federal (PF), na terça-feira (9), mencionaram a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) como beneficiária do esquema de desvio de recursos públicos destinados à ações de qualificação profissional no Amapá.

Autora da emenda parlamentar que destinou os R$ 4 milhões com que o Ministério do Turismo firmou o convênio com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi) investigado pela PF e que motivou a Operação Voucher, a deputada Fátima Pelaes nega o envolvimento.

Um dos presos que envolveu o nome da parlamentar como beneficiária do esquema ao prestar depoimento à Polícia Federal, em Brasília, foi Errolflyn de Souza Paixão, dirigente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e vice-presidente do PT no Amapá.

Paixão é um dos fundadores da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), empresa que, segundo as investigações preliminares, foi contratada pelo Ibrasi por R$ 250 mil para elaborar um diagnóstico dos profissionais de turismo no estado, serviço que, segundo as investigações, não foi executado, embora tenha recebido antecipadamente.

Mesmo garantindo estar afastado da Conectur desde 2006, por desentendimentos com Wladimir Furtado, ex-prefeito de Ferreira Gomes (AP) e sócio-fundador da cooperativa, Paixão declarou que Furtado teria lhe contado que a deputada estava prestes a apresentar a emenda parlamentar destinando recursos para a execução do convênio do Ministério do Turismo com o Ibrasi. A cópia do depoimento, que a Agência Brasil teve acesso, não esclarece a data quando o diálogo ocorreu, mas, segundo o depoente, na ocasião, Furtado falou em recursos públicos da ordem de R$ 2 milhões.

Paixão disse ainda ter estranhado o valor, considerado alto, já que, para ele, a cooperativa não tinha estrutura para assumir contratos de tal monta. Furtado, então, disse-lhe que parte do dinheiro seria devolvido à deputada.

Paixão declarou desconhecer a razão pela qual Fátima Pelaes indicou o Ibrasi para a execução do convênio com o ministério, mas sugeriu que a indicação da Conectur deve-se ao fato de a deputada e Furtado serem próximos.

Na nota, a deputada garante que Furtado não faz parte de seu grupo político. “Prova disso é sua esposa, Ley Furtado, foi candidata a deputada federal pelo PTC nas últimas eleições”, destaca a parlamentar, repudiando as acusações de outros dirigentes da Conectur ouvidos pela PF, e classificando como levianas as declarações de Paixão.

“Se é verdade que Wladimir lhe disse mesmo isso, porque Errolflyn [Paixão] não denunciou na época?. Se alguém fica sabendo de algo tão grave assim e não faz nada, no mínimo é conivente”, disse Fátima Pelaes. “Meu sigilo bancário, fiscal e telefônico estão à disposição”, completou a deputada.

 

Edição: Aécio Amado