Fórum debate dificuldades das pequenas empresas em ambiente de crise internacional

19/07/2011 - 19h04

Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A instabilidade econômica internacional, provocada principalmente pela dificuldade dos Estados Unidos de honrar os compromissos da dívida pública, aponta incertezas ao cenário brasileiro. Segundo o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Denis Gimenez, este não é um “momento para brincadeiras”. Para sair ileso da crise, o professor sugere que o Brasil use "todas as armas que tem".

“Vamos sofrer, mas temos como nos defender. Se nós não fizermos barbeiragem, acho que podemos passar por essa turbulência com boas condições”, disse. Para ele, a melhor alternativa para preservar a indústria nacional seria a adoção de barreiras protecionistas. “Acho que vamos ter que adotar medidas de proteção ao mercado interno. É muito difícil resistir à concorrência internacional, sem nos defendermos com todas as armas que temos. Não podemos entrar em uma batalha desse porte, simplesmente, fazendo defesa ideológica do livre mercado”, completou.

As opiniões do professor foram dadas no Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, hoje (19), em Brasília. O evento faz parte do 2º Encontro Nacional dos Fóruns Regionais, que segue até a próxima quinta-feira (21).

Para o diretor do Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Sergio Nunes, medidas protecionistas precisam de contexto mais amplo para serem aplicadas. “É muito patriotismo querermos preservar interesses da indústria nacional, mas não é uma medida simples”, disse.

Ambos concordam, porém, que a instabilidade econômica afasta micro e pequenas empresas do comércio exterior. “É um terreno perigoso tomar dólar agora no mercado internacional, não é o momento. Até mesmo grandes empresas que tomaram dinheiro a juros menores podem ter problemas nesse atual cenário”, disse o professor de economia. “O atual momento do câmbio não ajuda, está difícil para o micro e pequeno empresário competir internacionalmente”, emendou o diretor do MDIC.

No entanto, a inserção não está descartada no longo prazo. “Antes, os micro e pequenos empresários não exportavam porque não conheciam o processo. Agora, eles buscam especialização, seja por melhora na qualidade dos produtos ou por aumento na escala de produção”, argumentou Sergio Nunes.

Para ajudar nesse processo de internacionalização das companhias de menor porte, o professor da Unicamp defende a oferta de crédito diferenciado. “Precisamos produzir projetos que possam se converter em investimentos. Com o câmbio valorizado, importados invadem o mercado interno num cenário de concorrência muito acirrado. A sustentação da expansão do crédito é cara às pequenas empresas. Precisamos de uma perspectiva para os próximos anos que sustente o ritmo de expansão com crédito diferenciado”.

Edição: Vinicius Doria