Participação do BNDES na fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour provoca discussão entre oposição e governo

29/06/2011 - 19h55

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A oposição no Senado criticou hoje (29) a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no processo de fusão das redes de supermercado Carrefour e Pão de Açúcar. A base do governo considera normal a operação e disse que ele poderá contribuir para tornar o Pão de Açúcar uma empresa internacional.

Para o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), a política que vem orientando as ações do banco desvirtua a função social para a qual ele foi criado.

“Achamos um absurdo. É preciso que pelo menos retirem o S do BNDES. Essa orientação na aplicação dos recursos exclui a hipótese de um banco social. O que há é um banco privilegiando megaempresários no país com recursos públicos”, disse Dias.

Segundo ele, os contribuintes têm financiado o subsídio de juros para os empresários próximos ao governo, por meio das transferências de recursos do Tesouro para o banco. “O governo já transferiu cerca de R$ 260 bilhões do Tesouro da União para o BNDES, subsidiando juros que beneficiam apenas os mais próximos do poder, ou seja, estabelecendo uma distinção entre empresários de primeira categoria e segunda categoria.”
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O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu participação do banco no negócio. Segundo ele, essa é uma operação comum de mercado na qual o BNDES entrará como sócio. “É uma operação de mercado, sem recursos públicos, sem recursos subsidiados. O BNDES seria sócio dessa empresa com objetivo de lucro.”

Ainda de acordo com ele, o banco cumpre o seu papel quando colabora para a internacionalização de uma empresa nacional. “Não há nada de ilegal nessa operação. É o BNDES ajudando uma empresa nacional a ser mundial.”

Em comunicado divulgado ontem (28), o BNDES confirmou que começou a analisar o pedido de financiamento para internacionalização do Grupo Pão de Açúcar.

A operação de internacionalização, no valor de até 2 bilhões de euros, permitirá ao grupo assumir posição estratégica no supermercado Carrefour, considerado um dos maiores varejistas mundiais.
Segundo o BNDES, a transação poderá abrir “caminho para maior inserção de produtos brasileiros no mercado internacional”.

Ainda hoje, o Senado vota medida provisória que transfere R$ 55 bilhões do Tesouro para o BNDES.

Edição: João Carlos Rodrigues