Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A possibilidade de o julgamento, no próximo dia 20, do ex-presidente da Tunísia Zine El Abidine Ben Ali – que renunciou em janeiro depois de forte pressão popular e da comunidade internacional – pode ocorrer à revelia. Desde que deixou o governo, ele vive na Arábia Saudita. A alternativa de um julgamento sem a presença do réu frustra os ativistas de direitos humanos que comandaram manifestações em todo o país para forçar a saída de Ali e sua equipe.
“Para mim, isso é um não acontecimento. É uma cortina de fumaça. Fizeram de tudo para o julgamento não ocorrer. O anúncio [de que poderá ocorrer à revelia] serve só para manipular a opinião pública”, disse o jornalista Taufik Ben, um dos líderes das manifestações na Tunísia.
O julgamento de Ali está marcado para ocorrer em um tribunal de primeira instância na capital Tunes. Ele é acusado em mais de 90 processos que envolvem denúncias de corrupção, desvio de recursos públicos e violação de direitos humanos. Os crimes impõem penas que vão de cinco a 20 anos de detenção.
Radhia Nasraui, ativista dos direitos humanos, considera “frustrante” a possibilidade de Ali ser julgado à revelia. “Não é o julgamento que queríamos para Ben Ali. Ele é responsável por milhares de casos de tortura e por centenas de mortos. A família dele saqueou o país”, afirmou a ativista.
Depois de 23 anos no poder, Ali fugiu da Tunísia para a Arábia Saudita em 14 de fevereiro. A fuga dele e da família ocorreu após uma série de manifestações populares, que levaram a uma sequência que se repetiu no Egito, na Síria, na Líbia e em vários outros países do Norte da África e Oriente Médio. Até hoje, várias dessas regiões ainda estão sob manifestações de protesto contra os governantes, exigindo sua renúncia.
*Com a agência pública de notícias de Portugal, a Lusa//Edição: Graça Adjuto