Primeiro-ministro do Paquistão diz que suspeita de ligação do governo com a Al Qaeda é "absurda"

09/05/2011 - 12h29

Da BBC Brasil


Brasília - O primeiro-ministro do Paquistão, Yousef Raza Gilani, afirmou hoje (9) que são "absurdas" as alegações de cumplicidade com a rede Al Qaeda e de incompetência do governo para localizar o líder da organização, Osama Bin Laden. Discursando ao Parlamento paquistanês, Gilani disse que a missão do governo é eliminar o terrorismo. "Nós não convidamos a Al Qaeda para dentro do Paquistão."

Bin Laden foi morto no último dia 1º, na cidade paquistanesa de Abbottabad, durante operação realizada por uma unidade de elite da Marinha norte-americana. O líder e fundador da Al Qaeda estava morando em uma mansão localizada próxima à sede da Academia Militar paquistanesa.

O primeiro-ministro afirmou ainda que ações unilaterais como a realizada pelos Estados Unidos na semana passada trazem o risco de graves consequências. Segundo Gilani, o Paquistão reserva para si o direito de proteger a sua soberania. De acordo com ele, o serviço de inteligência paquistanês (ISI), acusado de colaborar com a Al Qaeda, é um "bem nacional" e conta com a confiança do governo do Paquistão.

O governo do Paquistão é cobrado pelos Estados Unidos para explicar como foi possível que o líder da Al Qaeda vivesse por tanto tempo - cinco anos - a poucos metros da sede da Academia Militar do país. Ontem (8) o presidente norte-americano, Barack Obama, pediu que o governo paquistanês investigasse a rede que ajudava Osama Bin Laden e descobrisse se alguma autoridade do país sabia do paradeiro do líder da rede extremista.

"Não sabemos se havia algumas pessoas dentro do governo [paquistanês], pessoas de fora do governo, e isto é algo que temos que investigar e, mais apropriadamente, o governo paquistanês precisa investigar", disse Obama.

Nesta manhã uma multidão protestou em áreas tribais do Paquistão contra a morte de Bin Laden.

Cerca de 500 manifestantes fizeram uma passeata na cidade de Wana, na província do Waziristão do Norte (no Noroeste do país), carregando cartazes, nos quais havia inscrições com críticas aos Estados Unidos e ao governo paquistanês.