Delegado desconfia que atirador da escola de Realengo sofria de transtornos mentais

08/04/2011 - 16h58

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Há indícios relevantes de que o atirador que invadiu ontem (7) a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, fosse portador de transtornos mentais. A informação é do delegado Felipe Renato Ettore, da Divisão de Homicídios, que investiga o caso.

O delegado explicou que busca traçar um perfil psicológico do assassino para tentar descobrir as motivações crime. Para isso, quer convocar “todas as pessoas que forem importantes”.

Em entrevista coletiva há pouco, Ettore confirmou que colheu depoimentos da irmã adotiva e de mais dois primos de Wellington de Menezes Oliveira, de 23 anos, que se suicidou no local do crime, após ter disparado pelo menos 60 tiros contra as crianças. Doze estudantes morreram.

“Com os relatos que tivemos ontem [7], dos familiares dele e da pessoa que cortava o cabelo dele, [Wellington] era uma pessoa que tinha viés de doença mental, que era muito introvertido e se manifestava com uma certa incoerência”, afirmou o delegado.

A hipótese é que Wellington era esquizofrênico, assim como sua mãe biológica. Porém, como não é possível confirmar o diagnóstico, uma vez que transtornos mentais se confirmam pelo comportamento da pessoa, as investigações contarão com ajuda de médicos criminalistas.

“Como a mãe biológica dele, segundo os familiares, era portadora de esquizofrenia, isso também é um indicativo de que ele teria essa doença, que é hereditária”, explicou Ettore.

Entre os hábitos considerados “esquisitos” do assassino, o delegado citou o fato de Wellington, desde “muito novo”, usar calça comprida e camisa para dentro da calça, além de cortar o cabelo religiosamente a cada 30 dias em Realengo, lugar distante da casa dele. Wellington morava em Sepetiba.

Ettore descartou que tenha havido motivação religiosa para o crime, embora na carta que Wellington deixou houvesse referências a rituais religiosos. No texto, o atirador falava de como gostaria de ser enterrado e onde, e ainda pediu que a casa em que morava fosse doada a instituições que cuidam de animais. Ontem, ao anunciar que Wellington tinha deixado uma carta, o subprefeito da zona oeste, Edmar Teixeira, informara que o rapaz teria escrito ser portador do vírus da aids, mas, quando o conteúdo foi revelado, esse dado não se confirmou.

 

Edição: Lana Cristina