Para OAB, investigação sobre mortes de moradores de rua em Alagoas foi lenta

22/11/2010 - 19h24

 

Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Faltou empenho da polícia alagoana para resolver os casos de assassinato de moradores de rua em Maceió, afirmou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB-AL), Gilberto Irineu de Medeiros. “Só melhorou depois que os crimes tiveram repercussão nacional. O primeiro crime ocorreu em janeiro, mas a polícia não fez a investigação em tempo hábil”.

Segundo ele, a falta de investigação desencadeou uma série de crimes que poderiam ter sido evitados. “A impunidade vinha reinando e a polícia não estava investigando com celeridade. Acumulou tudo e depois que a sociedade e a imprensa nacional pressionaram, a polícia resolveu tudo em 15 dias. Faltou empenho, pois se a polícia tivesse investigado no tempo hábil, poderia ter evitado muitos crimes”.

Na avaliação de Medeiros, o relatório da Polícia Civil divulgado hoje (22), embora parcial, representa um avanço. “Para a OAB, apesar de [o relatório] ter elucidado metade [das mortes], é preciso avançar para que se esclareçam todos os crimes”.

Ele afirmou que para garantir a segurança dos moradores de rua é preciso implementar um conjunto de ações sociais. “O monitoramento ostensivo nas ruas é importante, assim como usar a inteligência policial. Nas últimas duas décadas, não foram implementadas políticas para esses moradores de rua. Eles foram esquecidos e eram considerados invisíveis”.

Para articular políticas públicas e o apoio da sociedade civil, a prefeitura de Maceió criou o Comitê Municipal de Apoio aos Moradores de Rua. De acordo com Medeiros, que também preside o comitê, o objetivo é criar um plano estratégico de seis meses para desenvolver políticas públicas de proteção aos moradores de rua. “Vamos duplicar os albergues e colocar educadores sociais diuturnamente nas ruas”.

 

Dos 39 casos de assassinatos de pessoas em situação de vulnerabilidade em Maceió, 24 envolveram moradores de rua e a maioria dos crimes foi motivada por questões relacionadas ao tráfico de drogas e por brigas, de acordo com relatório da Polícia Civil de Alagoas.

A investigação apontou alguns casos com características de grupo de extermínio, como os crimes praticados por Luiz Carlos Soares da Silva Santos, conhecido como Orêia, que trabalhava como vigilante autônomo para uma rede de supermercados, e é acusado do assassinato de quatro moradores de rua.

 

Edição: Aécio Amado