Adolescentes acusados de agredir três pessoas em São Paulo deixam a Fundação Casa

15/11/2010 - 16h14

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

São Paulo - Os quatro adolescentes de classe média acusados de espancar três pessoas na madrugada de ontem (14), em São Paulo (SP), foram soltos no início da tarde de hoje (15). Eles passaram a noite em uma das unidades da Fundação Casa (antiga Febem), no bairro do Brás, região central da cidade.

O quinto acusado de participar das agressões, Jonathan Lauton Domingues, de 19 anos, permanece preso na 2ª Delegacia de Polícia (DP), no Bom Retiro (centro), para onde foi transferido ontem a tarde. A Polícia Civil agora investiga se o crime teve motivação racista ou homofóbica, mas já descartou que os cinco agressores pertençam a gangues de skinheads (cabeças raspadas).

De acordo com o registro policial, os cinco jovens foram detidos por policiais militares após espancar um fotógrafo de 20 anos de idade e dois estudantes, de 19 e 23 anos. Ainda segundo o boletim, as agressões teriam ocorrido em diferentes momentos e lugares da Avenida Paulista, uma das principais da cidade.

A primeira agressão foi contra o fotógrafo e o estudante de 19 anos, que, segundo testemunhas, aguardavam em um ponto de táxi. Os dois foram surpreendidos pelos agressores com socos e pontapés. O fotógrafo, cujo nome não foi divulgado, conseguiu correr e se refugiar em uma estação de metrô próxima. O outro rapaz ficou muito machucado e foi levado por policiais ao Hospital Osvaldo Cruz, onde passou a noite em observação.

Na sequência, ainda na Avenida Paulista, os cinco jovens atacaram a terceira vítima, de 23 anos, cujo nome também não foi divulgado. O grupo chegou a quebrar uma lâmpada fluorescente na cabeça da vítima, atendida no Hospital do Servidor Público Municipal. Acionados testemunhas, policiais militares detiveram os agressores perto do local da segunda ocorrência.

Um dos advogados dos jovens apreendidos na Fundação Casa, Orlando Machado, negou que o preconceito contra homossexuais tenha motivado as agressões e atribuiu a um "desencontro de informações" as notícias de que os jovens seriam skinheads.

"Eles são garotos franzinos. O que houve foi uma briga e, ao que parece, o motivo foi uma ameaça ou uma paquera. A versão dos acusados é que um deles foi paquerado, não gostou e começou a discussão que deu no que deu", declarou Machado. Alegando ter tido pouco contato com os clientes, o advogado não soube explicar como a suposta "ameaça ou paquera", feita pelo fotógrafo ou pelo amigo dele, justificaria a agressão. "Tudo isso ainda vai ser apurado. Por ora, a Justiça entendeu que não havia provas concretas [contra os quatro adolescentes] que justificassem a custódia".

Edição: Vinicius Doria