Secretária critica descaso com a política de saúde mental dirigida a crianças e adolescentes

29/06/2010 - 19h08

Lisiane Wandscheer

Repórter da Agência Brasil

 

 

Brasília - A subsecretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Oliveira, criticou hoje (29) o descaso histórico com a política de saúde mental dirigida a crianças e adolescentes. Segundo ela, a reforma psiquiátrica priorizou o atendimento ao público adulto e as conquistas na área de crianças e adolescentes não foram tão visíveis. Enquanto os centros de Atendimento Psicossocial para adultos aumentaram 246% nos últimos quatro anos, os Caps 1 (Crianças e Adolescentes) cresceram 8%.

 

“Um terço da população brasileira, 61 milhões, é de crianças e adolescentes de até 18 anos, entretanto os avanços na implementação da reforma psiquiátrica foram restritos ao público adulto. São 117 Caps para atender um terço da população”, disse, durante a Conferência Nacional de Saúde Mental.

 

Carmem defendeu um maior espaço para participação de crianças e adolescentes na próxima conferência, como já ocorre com outros usuários dos programas de saúde mental. “É hora de a política de saúde mental fazer bonito e incluir a criança e o adolescente com a sua devida prioridade”, destacou.

A consultora do Ministério da Saúde para a Infância e a Adolescência, Maria Cristina Ventura Couto, destacou que a inclusão da criança e do adolescente nas políticas são recentes.

“Passamos o século 20 sem que as crianças e os adolescentes compusessem a agenda do movimento da reforma de saúde mental. Temos uma política e carecemos de ações que precisam ser qualificadas, mas hoje os Caps já são referência nos municípios”, garante.

Maria Cristina defendeu ainda que os serviços residenciais terapêuticos não fiquem restritos ao público adulto, mas que sejam estendidos a crianças e a adolescentes. “Pode parecer contraditório, mas há momentos que uma certa suspensão do convívio familiar é importante, é uma questão clínica que preserva os vínculos familiares e evita a institucionalização futura [iinternação em hospitais psiquiátricos]”, disse.

 

 

Edição: Lílian Beraldo