Deputado vai à Justiça contra prorrogação de serviço de trens no Rio

30/03/2010 - 22h10

Vladimir Platonow

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro - A possibilidade de o serviço de trens urbanos ser prorrogado, por antecipação, por mais 25 anos, quando ainda faltam 13 anos para vencer o contrato da atual concessionária, a empresa SuperVia, levou o deputado estadual Alessandro Molon (PT) a entrar na Justiça contra a medida. A informação foi confirmada após reunião da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), no último dia 23.

 

Molon disse hoje (30) que vai lutar contra a prorrogação do contrato de concessão, por considerar insatisfatórios os serviços prestados pela SuperVia.

 

“Essa renovação é escandalosa. E é inadmissível a postura da Agetransp nesse episódio. Aprovou na surdina uma prorrogação contratual que viola os direitos da população e que é um tapa na cara da população. O povo está usando os trens e está sentindo na pele a péssima qualidade dos serviços prestados por essa concessionária”, disparou o deputado.

 

O governo do estado emitiu nota, assinada pelo chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, defendendo a prorrogação antecipada da concessão à SuperVia. No texto, ele alega que o governo se comprometeu em modernizar o sistema ferroviário como condição para sediar as Olimpíadas de 2016.

 

Fichtner disse que a forma encontrada para levantar os recursos necessários foi “agregar valor à concessão, mediante renovação de contrato”, e exigir contrapartida da concessionária.

 

“A renovação está condicionada à realização dos investimentos. Se fôssemos esperar o contrato vencer para, na renovação, exigir esses investimentos, teríamos ainda muitos anos de serviço de baixa qualidade”, assinalou Fichtner.

 

A assessoria da Agetransp alegou em nota que não autorizou a prorrogação do contrato da SuperVia e que apenas reconheceu a competência exclusiva do governo do estado em conceder serviços públicos de transporte.

 

Molon contra-argumentou e disse que a agência reguladora tem participação no processo. “Cabe à Agetransp, sim, emitir um parecer favorável ou contrário. Para embasar a renovação ou sua recusa. Isso depende da Agetransp, ela não pode lavar as mãos, diante desse escândalo dessa renovação, como se ela não tivesse nada a ver com isso”, afirmou.

 

O deputado é autor de um pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação dos transportes de massa no estado, como metrô, barcas, trens e a própria Agetransp.

 

“Essa CPI permanece engavetada, já que o presidente da Assembleia [Jorge Picciani, do PMDB] se nega a instalá-la, contrariando a Constituição e o regimento interno da Assembleia”, lamentou Molon, que entrou na Justiça com mandado de segurança contra a decisão, pedindo que o poder Judiciário determine a instalação da CPI.

 

A SuperVia que não iria se pronunciar sobre o assunto.


Edição: João Carlos Rodrigues