Risco remoto de inflação afasta necessidade de aumentar juros, analisa economista

26/12/2009 - 13h18

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oeconomista da Confederação Nacional da Indústria, Marcelo deAvila, não vê necessidade de o Banco Central elevar as taxas dejuros nos próximos meses para conter uma possível pressão sobre ospreços, devido ao aumento do consumo provocado pela facilidade decrédito, entre outros fatores.

Paraele, se houvesse um comportamento explosivo da inflação, a situaçãopoderia ser definida como preocupante, mas como esse risco é remoto,não há necessidade de elevação da Selic, a taxa básica de juros,atualmente em 8,75% ao ano.

“Porisso que a gente não acredita e não pensa na necessidade do BancoCentral voltar a elevar os juros”, alerta, lembrando que mesmo como crescimento sólido esperado e o aumento da demanda ainda existeuma ociosidade no [colocar link matéria anterior] parque industrialbrasileiro.

“Existeum crescimento sólido, crescimento de demanda, que poderia trazerpreocupação inflacionária, mas por outro lado você ainda temociosidade do parque industrial e tem investimentos em curso, como osque estão sendo retomados porque foram engavetados [diante dacrise]”, disse.

Paraele, são várias combinações de fatores que fazem com que ainflação não mostre qualquer tipo de pressão. Ele lembra que ospreços podem até aumentar um pouco, mas não haverá uma trajetóriaexplosiva que não permita uma ação do Banco Central de exercer umatrajetória ascendente da taxa básica de juros.

“Agente não acredita. Pode até ocorrer [elevação da taxa],mas o nosso cenário é de manutenção da Selic”, afirmou.

Na questão docâmbio, o economista entende que as últimas medidas adotadas peloBanco Central taxando a entrada de moeda estrangeira no país eaumentando as condições para que as empresas encontrem fontes definanciamento no mercado doméstico, com o lançamento de letrasfinanceiras por parte de bancos locais, são ações que vão apenasatenuar o fortalecimento do real.

Elelembra que a percepção dos investidores mudou para o Brasil, quepraticava taxas de juros estratosféricas, pois tinha risco paíselevado e precisava atrair capital. Agora, o padrão é outro einverso, porque mesmo com a crise, os analistas veem o Brasil comestabilidade monetária, fundamentos econômicos sólidos e a formaque o governo tem atuado diante da crise. Diante de tal visão domercado financeiro sobre o país, segundo ele, é impossível nomomento observar uma interrupção da entrada de capital externo.

“Primeiroporque o diferencial de taxas de juros ainda é imensa quando vocêcompara os Estados Unidos e o Brasil. Segundo, quando você compara oBrasil com o resto do mundo é um país que está sendo visto, nãocomo forte com crescimento previsto de 5,5%, mas como um crescimentosólido e sustentável no sentido do avanço dos investimentos aomesmo tempo”.

Eleporém, não condena as medidas, como a elevação do Imposto sobreOperações Financeiras, mas alerta que a valorização excessiva doreal é preocupante justamente porque tira a capacidade decompetitividade da indústria e sobrevaloriza os produtos brasileirosno exterior prejudicando as exportações.

Tantoé que Sondagem Industrial do terceiro trimestre ficou claro que aexpectativa dos empresários industriais para os próximos 12 meses éque a indústria nacional fique focada no mercado interno, que temsustentado a recuperação econômica no Brasil.