BNDES ajudará a desenvolver letra financeira como modalidade de investimento

26/12/2009 - 16h23

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Instrumento que pretende facilitar a captação de recursos por bancos privados, a letra financeira teráa ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)para se desenvolver como modalidade de investimento. A instituiçãoreservou cerca de R$ 10 bilhões para comprar até 20% dos papéis de longoprazo a serem lançados pelo setor privado nos próximos cinco anos.Aajuda não beneficiará apenas as letras financeiras, mas qualquertipo de título de longo prazo lançado por empresas. O objetivo damedida é estimular o que os economistas chamam de mercado secundário,em que os papéis de empresas privadas trocam de mãos após o lançamento.Essas negociações aumentam a liquidez (circulação de dinheiro) nosistema financeiro.Segundo o secretário adjunto de PolíticaEconômica do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, a consolidação daletra financeira ocorrerá no médio e longo prazos. “No começo, osvolumes deverão ser baixos, mas vão aumentar para alguns bilhões nospróximos anos. É provável que, com o tempo, esse título se firme nomercado”, afirmou o secretário, ao explicar o funcionamento da letrafinanceira.Para emprestar dinheiro, os bancosprecisam captar recursos de investidores. Atualmente, as instituiçõesfinanceiras que querem obter dinheiro no mercado interno têm de lançar certificados de depósito bancário (CDBs), que têm prazo curto,inferior a um ano. Dessa forma, os bancos fazem a devolução aosinvestidores poucos meses após a captação.Na prática, acaptação por meio de CDB limita a capacidade de o banco concederempréstimos de longo prazo e com juros menores. Com a criação da letrafinanceira, que teráprazo mínimo de um ano, o governo espera reduzir o spread bancário –diferença entre os juros que o banco paga na hora de captar os recursose as taxas cobradas na hora de emprestar. “As letras financeirascertamente terão impacto na diminuição do spread e na ampliação do crédito no país”, disse Oliveira.Atualmente,os bancos podem captar recursos de longo prazo, mas apenas no exterior.Além da dependência em relação à disposição dos investidoresinternacionais, afetada pela crise financeira internacional, a captaçãoexterna traz outro problema. Ao entrar no país, esse dinheiro pressionapara baixo a cotação do dólar.“Atualmente, os bancos sóconseguem captar recursos de longo prazo por meio de bônus no exterior.Quando esse dinheiro entra no Brasil, certamente provoca impacto nocâmbio, valorizando o real”, ressaltou Oliveira.Osecretário adjunto, no entanto, disse que o principal objetivo damedida não é cambial. “Na verdade, queremos evitar o descasamento entrepassivos de longo prazo [empréstimos dos bancos] e ativos de curtoprazo [fontes de recursos]”, explicou.Anunciada no início domês e instituída há duas semanas pela Medida Provisória 472, a letrafinanceira ainda depende de regulamentação pelo Conselho MonetárioNacional (CMN), prevista para sair em janeiro.Os estudos técnicos do Banco Central que servirão de base para oconselho começarão no próximo mês. Entre as questões a serem decididaspelo CMN estão a forma de remuneração dos títulos, o prazo devencimento, limites de emissão e o tipo de instituição financeira quepoderá fazer os lançamentos.