País tem a maior rede pública de transplantes do mundo, mas poucos doadores

06/12/2009 - 11h05

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Brasil tem a maior rede pública de transplantes no mundo e vemregistrando um aumento gradativo no número de cirurgias. De acordo com a coordenadora do Sistema Nacional deTrasplantes, Rosana Nothen, apesar da tendência de aumento desde 2006, onúmero de doadores efetivos é de 8,6 para cada um milhão de habitantes. NaEspanha, esse número chega a 36 por milhão de habitantes.Em relação ao transplante de pulmão, o médico assistente doInstituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo (InCor) e professor da Universidade de São Paulo(USP), Paulo Pego Fernandes, explicou que ainda é uma cirurgia relativamentenova no mundo e muito recente no Brasil.“Tem aumentado, mas ainda é um número baixo. Tem espaço paracrescer. Temos feito várias iniciativas, e uma delas é divulgar mais. Fazer omédico lembrar que o paciente dele pode ser um candidato a doador, o própriopaciente e os familiares pensarem nisso."De acordo com dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, até outubro foramregistrados 543 doadores viáveis no estado - que tiveram um ou mais órgãosaproveitados para transplantes -, o que representa 11,7% a mais do que oregistrado no ano de 2008, quando foram contabilizados 486 doadores.No mesmo período, os dados mostram que foram realizados 77transplantes de coração, 98 de pâncreas, 801 de rim, 443 de fígado e 24 depulmão.Segundo Fernandes, a sobrevida depois do transplante depulmão é de 70 a 80% ao final de um ano e de 50 a 60% ao final de cinco anos. “Issolevando em consideração que, sem o transplante, nenhum desses pacientessobreviveria nesse período de cinco anos."A indicação para o transplante vai para pacientes comdoenças muito graves não infecciosas nem câncer. “É o doente com enfisema,fibrose cística, fibrose pulmonar que está sendo tratada, mas que piora apesardo tratamento. Então ele tem uma qualidade de vida muito ruim e uma perspectivade vida também ruim."Uma das novas regras para os transplantes, anunciadas nofinal de outubro pelo Ministério da Saúde, é o benefício dado a crianças e adolescentesna fila. A partir de agora, eles terão preferência na hora de receber órgãos dedoadores da mesma faixa etária.De acordo com o Ministério da Saúde, no primeiro semestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008, o transplante de rimaumentou 30,28% e o de fígado, 23,17%. No entanto, no mesmo período,os transplantes de coração e de pulmão - que têm mais dificuldades na captaçãoe manutenção dos órgãos - caíram 20,4% e 15,38%, respectivamente.