Especialistas debatem impacto da biodiversidade na saúde humana

02/12/2009 - 17h24

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - É preciso atribuir valor econômico à biodiversidade para que asespécies tenham importância no contexto social e econômico e não sejamdestruídas com o avanço do desenvolvimento. Essa foi a defesa de especialistas e pesquisadores que participaram do debate sobre o impacto da biodiversidade na saúde humana,realizado no 1° Simpósio Nacional de Taxonomia e Biodiversidade, hoje(2), na Fundação Oswaldo Cruz, zona norte do Rio de Janeiro.Naavaliação do professor da Universidade para o Desenvolvimento do Estadoe da Região do Pantanal (Uniderp), Cléber Rodrigues Alho, não são todosque reconhecem elementos “éticos” que atribuem às espécies “o mesmovalor à vida que aos humanos”. “Quando se mostram os argumentoseconômicos dos serviços ecossistêmicos para economia mundial, paraprodução de fármacos e para saúde humana, é mais fácil convencer ostomadores de decisão”, destacou.O pesquisador chamou atençãopara os gastos com a despoluição de fontes de água, que posteriormenteserão repassados para o consumidor e lembrou da importância dos mangues- berçários de várias espécies utilizadas na gastronomia - e que sãoconstantemente aterrados para instalação de empreendimentos comoportos. “É preferível que se mantenha um certo cuidado com osecossistemas para não se fazer desaparecer espécies de valor comercial”.Emoutra frente, o presidente da Sociedade Brasileira de Zoologia epesquisador da Fiocruz, Paulo Sérgio D'Andréa, destacou que a destruiçãode matas nativas, como ocorre no Pará com a substituição da Floresta Amazônica por monoculturas de açaí, além do crescimento desordenado decidades e a exploração não sustentável de recursos naturais favorece aproliferação de doenças, em especial, as parasitárias, como a doença deChagas e a hantavirose.“Tira-se a floresta e substitui-se portécnicas que visam o lucro imediatista. Consequentemente, chegam osproblemas sociais de todas as grandezas. Quem paga o pato são aspopulações tradicionais e menos favorecidas. Mas os custos sociais [dotratamento em saúde e políticas de infraestrutura urbana] e ambientaissão divididos por todos nós”, acrescentou.Ao cobrar a valoraçãoda biodiversidade, os pesquisadores lembraram que a biopirataria é oterceiro maior comércio ilegal no mundo, atrás do narcotráfico e dotráfico de armas. “Há biopirataria porque existe a procura por produtoslucrativos”, explicou Rodrigues Alho. Ele defendeu também maisinvestimentos em biotecnologia para se obter vantagens dos recursosnaturais.