Congresso de Honduras deve manter Zelaya fora do poder

02/12/2009 - 17h51

Renata Giraldi e José Donizete
Repórteres da EBC
Brasília e Tegucigalpa (Honduras) - O CongressoNacional de Honduras deverá manter hoje (2) o presidentedeposto, Manuel Zelaya, fora do poder. Com isso, opresidente golpista, Roberto Micheletti, retorna ao governo e ficaráaté janeiro quando vai transmitir o cargo ao presidenteeleito, Porfirio “Pepe” Lobo. A sessão doCongresso que define a questão começou hoje com duas horas e meia de atraso. Deputados ligados aZelaya e os correligionários de Micheletti dão comocerto o afastamento definitivo do presidente deposto.“Gostariamuito de ver o Zelaya de volta ao poder. Mas já se sabe que amaioria vai votar contra”, afirmou à Agência Brasil odeputado Victor Ruas, do Partido Liberal, do presidente deposto. “Nãopoderíamos voltar atrás e mudar uma decisãotomada anteriormente”, disse à Agência Brasil odeputado Rigoberto Chane Castillo, do Partido Nacional, de oposiçãoa Zelaya.Para a aprovação da restituiçãode Zelaya ao poder, conforme o acordo definido em outubro, sãonecessários 65 votos, do total de 128 deputados federais.Anteriormente, 112 deputados votaram pelo afastamento do presidentedeposto. Na sessão de hoje todos os integrantes do CongressoNacional estão presentes.Único observadorbrasileiro na processo eleitoral hondurenho, o deputado federal RaulJungmann (PPS-PE), afirmou à Agência Brasil que paramanter Zelaya afastado do poder, o argumento do Congresso seráa negativa de todas as instâncias consultadas. “Ainda estãona fase de leitura das consultas. Mas todos os órgãosconsultados recomendaram que ele [Zelaya] fosse mantido fora dogoverno”, disse.Os congressistas consultaram a SupremaCorte, o Ministério Público, as comissões dedireitos humanos, entre outros segmentos sobre a legalidade do acordomediado pelos Estados Unidos e negociado com Zelaya e Micheletti.Jungmann afastou a hipótese de Zelaya retornar aopoder. “Conversei com vários parlamentares de todos ospartidos e eles foram definitivos ao dizer 'Zelaya não volta'.Então acredito ser impossível qualquer decisãodiferente disso”, afirmou.Para o parlamentar brasileiro, ogoverno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os demaisintegrantes da comunidade internacional que rejeitam a legitimidadedas eleições hondurenhas deverão mudar deopinião. “É inquestionável: háuma nova realidade política em Honduras que foi consolidadapor uma eleição democrática. Temos de respeitaras instituições e virar a página”, disseJungmann. Ontem, Lula reiterou que o Brasil rejeita os resultados daseleições hondurenhas. Paralelamente, Zelaya continuaabrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa há dois mesese meio.Zelaya foi deposto em 28 de junho quando uma manobrapolítica articulada por setores do Congresso Nacional, daSuprema Corte e das Forças Armadas o tiraram do governo. Desdeentão, Micheletti está na Presidência do paíse o governo brasileiro não reconhece esta gestão porconsiderá-la golpista.