TV pública pode promover a igualdade de gênero, dizem especialistas

08/11/2009 - 9h29

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A imagem estereotipada da mulher na TV brasileira é ainda um desafio aser superado, assim como o baixo protagonismo feminino na construção doprocesso midiático. Esta é a opinião de representantes de movimentossociais, do governo e de especialistas em comunicação que participam do 6º SeminárioNacional A Mulher e a Mídia, no Rio de Janeiro neste fim de semana. Neste contexto, o papel da TV pública na promoção da igualdade de gêneros foi um dos temas do evento ontem (7).A presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC),Tereza Cruvinel, que participou da mesa, disse que a comunicação pública deve ter umapreocupação permanente com a questão da igualdade de gêneros, parapromover uma mudança de postura em relação à mulher. “É necessário otempo todo combater os cacoetes, evitar reproduzir os vícios delinguagem e ideológicos na forma de tratar a mulher”. Segundo ela,o protagonismo da mulher na mídia cresceu nos últimos anos, emboraainda haja muito a ser mudado. “Nesses seis anos de seminário Mulhere a Mídia, do qual participo desde a primeira edição, percebi umamadurecimento da sociedade na discussão sobre a importância dacomunicação em relação à mulher.” A coordenadora de Núcleo daTV Cultura, Âmbar de Barros, lembrou que a programação de uma televisãopública não é determinada por parâmetros comerciais e valoriza umarepresentação da mulher mais diversa e democrática. Mas ela acreditaque ainda falta maior participação das mulheres nas tomadas de decisõesdentro das empresas de comunicação. “Os homens ainda são maioria nosaltos cargos, mas isto é um reflexo da nossa sociedade.” Duranteo debate, os participantes falaram da falta de um diálogo permanenteentre os movimentos sociais e as televisões públicas com relação àescolha da programação. Outro ponto que norteou as discussões foi anecessidade de mais canaispúblicos para que um maior número de pessoas tenha acesso a programasmais plurais. Hoje os canais públicos são transmitidos apenas em algunsestados do território brasileiro.A presidente da AssociaçãoBrasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec),Regina Lima, disse que não basta criar um ou dois programas voltadospara a mulher, mas é preciso que toda a grade da programação sejapensada de forma que contemple o olhar das mulheres. A ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), Nilcéia Freire, explicou que esta sexta ediçãodo seminário tem como foco qualificar as discussões sobre a equidade degênero nos meios de comunicação para a 1ª Conferência Nacional deComunicação (Confecon), a ser realizada entre os dias 14 e 17 de dezembro.“É fundamental criar políticas públicas que incorporem a perspectiva degênero em todo o processo de comunicação e criem maior acesso dasmulheres aos meios de comunicação.”