Para pesquisador, transição para desenvolvimento sustentável depende de orçamento

29/10/2009 - 6h07

Luana Lourenço*
Enviada Especial
Belém (PA) - Asubstituição do modelo de exploração predatória pelo crescimento comsustentabilidade na Amazônia depende de orçamentos robustos e da superaçãode antigos modelos de ocupação e desenvolvimenta região. A avaliaçãoé do pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia(Imazon), Adalberto Veríssimo, defendida durante reunião do FórumAmazônia Sustentável.Após décadas de ocupação e exploraçãodesordenada, que resultaram em 18% a menos de vegetação original, omodelo está esgotado, o que abre oportunidades para novas dinâmicaseconômicas, desta vez mais com mais sustentabilidade. “Essemodelo baseado na pecuária extensiva, no crédito barato, na economiapredatória de madeira, está  esgotado”. Um estudo do Imazon aindainédito, que será lançado até dezembro, mostra o declínio da indústria madeireira na região, segundo o pesquisador. “Masa transição para uma economia de baixo carbono não vai ocorrer comorçamento de varejo. E não há modelos a copiar”, avalia. SegundoVeríssimo, mesmo com os investimentos do Programa de Aceleração doCrescimento (PAC), o orçamento para a Amazônia ainda é muito pequeno. Veríssimocitou o caso de Tailândia, no interior do Pará, onde em 2008 agentes doInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama) foram ameaçados pela  população local após operaçãoque fechou serrarias ilegais. “Depois da ação do Ibama, que foicorreta, restou prostituição, violência. O Estado não colocou nada nolugar, não foi capaz de montar uma dinâmica alternativa à falência domunicípio”, avalia. Prefeito de um dos municípios campeões dedesmatamento na Amazônia - Paragominas, também no Pará -, Adnan Demachkidiz que a propaganda do governo federal na década de 1970 para atrairbrasileiros para a floresta, com o lema "Terra sem Homens para Homenssem Terra", embutiu nos que chegavam a ideia de que era preciso desmatarpara garantir a posse. Em Paragominas, por exemplo, metade da florestanativa já foi derrubada. Para reverter a devastação, omunicípio fez parcerias com organizações ambientalistas, passou amonitorar o desmatamento por satélite e agora quer investir naindustrialização para agregar valor aos  produtos da floresta. “Nãopodemos depender de Brasília, vamos avançar a partir da sociedadelocal. Foi assim em outras áreas, como saúde e educação, que melhoraramapós a municipalização. Deve-se envolver a sociedade local, não éconsiderando os municípios como inimigos que se vai resolver osproblemas ambientais”, comparou. Demachki faz coro com outraslideranças de governos e da sociedade civil de estados da Amazônia, queapostam no pagamento por serviços ambientais para que a floresta tenhamais valor em pé, principalmente no mecanismo de Redução de Emissão porDesmatamento e Degradação (REDD, na sigla em inglês), uma das palavras chaves da negociaçãodo novo acordo climático global que ampliará o Protocolo de Quioto. *A repórter viajou a convite do Fórum Amazônia Sustentável