Polêmica sobre adesão da Venezuela ao Mercosul deve causar adiamento na votação do relatório

27/10/2009 - 23h32

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A controvérsia sobre a participação da Venezuela no Mercosul deve adiar novamente a definição sobre a entrada do país no bloco. Previsto para ser votado amanhã (29) na Comissão deRelações Exteriores do Senado, o relatório que autoriza o ingresso dosvenezuelanos no bloco tem chances de ser aprovado pelos parlamentares. Mas asegunda etapa, de acordo com senadores, que é a votação no plenário da Casa sóocorrerá depois de uma comissão parlamentar visitar a Venezuela.No mesmo dia em que o assunto estará na pauta do CongressoNacional, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez se reunirão nacidade de El Trigre, na parte oriental venezuelana. Eles vão participar daprimeira colheita de soja plantada com apoio de tecnologia brasileira.Chávez e Lula vão discutir também acordos para manter aexploração de novas áreas de cooperação bilateral, como os setores automotivo,agropecuário, médico, petroquímico, de materiais de construção, de equipamentosde petróleo, de metalurgia, eletrônica, da cadeia têxtil e de equipamentos dedefesa.O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado,Eduardo Azeredo (PSDB-MG), afirmou que colocará em votação tanto o relatório quantoo requerimento propondo o envio de um grupo de cinco senadores à Venezuela.O senador Romeu Tuma (PTB-SP) e o líder do PSDB no Senado,Arthur Virgílio Netto (AM), afirmaram que o tema está sendo conduzido de formaaçodada e que o ideal é só levar o assunto ao plenário da Casa após a visitados parlamentares ao país vizinho.“A polêmica é muito grande. É estranho que se queira aprovarum tema desses com tanta pressa”, disse Virgílio. “A verdade é que não háconsenso, e o fato de haver muita polêmica em torno do assunto complica oandamento do processo”, afirmou Tuma.Ontem (27), o relator do caso na comissão, senador TassoJereissatti (PSDB-CE),  sugeriu que sejafirmado um acordo com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, para que eleassegure o cumprimento de garantias de que vai respeitar e cumprir osprincípios democráticos.Contrário ao ingresso da Venezuela no Mercosul sob aalegação de que Chávez não obedece a cláusula democrática, Tasso terá seurelatório votado. Paralelamente, o líder do governo no Senado, Romero Jucá(PMDB-RR) apresentou um voto em separado defendendo justamente o oposto.Uma vez aprovada a adesão da Venezuela na comissão, o temaserá levado ao plenário do Senado em votação aberta. Não há data para ser votado.Mas o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), já afirmou ser contrário àparticipação dos venezuelanos, e outros aliados também pensam da mesma forma.De acordo com os parlamentares, a tendência é que integrantes da base dogoverno contrários à integração da Venezuela ausentem-se da votação.Na tarde de ontem (27) o prefeito de Caracas(Venezuela), Antonio Ledezma, que faz oposição a Chávez, defendeu com veemênciao ingresso de seu país no bloco. Segundo ele, o isolamento pode prejudicar osvenezuelanos. Mas atacou duramente Chávez chamando-o de antidemocrático.