CNI diz que mercado interno é responsável pela recuperação da economia

30/09/2009 - 15h03

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O mercado interno temsido responsável pela recuperação da economia brasileira, conformeas projeções do boletim Informe Conjuntural, divulgado hoje (30)pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No entanto, osinvestimentos e as exportações têm imposto limites à recuperaçãodo setor industrial. A CNI revisou aestimativa de crescimento em 2009 com o Produto Interno Bruto (PIB,soma de bens e riquezas produzidos no país), passando de -0,4% parazero. A expectativa para o consumo das família neste ano também foirevisada de 0,7% para 2,4%. “O consumo dasfamílias, alavancado pela melhoria do mercado de trabalho e pelascondições de crédito para as famílias, para as pessoas, que foramrecompostas, pelas desonerações e pelos benefícios previdenciáriose sociais, se mantém. [Essa foi] a razão de o PIB não cairem 2009”, afirmou o economista Flávio Castelo Branco,gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI. . Pela expectativa, a economia brasileira está emprocesso de recuperação, com a projeção da taxa de desempregodiminuindo de 9% para 8,1%. Por outro lado, a estimativa para o PIBindustrial em 2009 piorou, passando de -3,5% para -4%. Segundo oeconomista, a demanda externa permanece muito fraca e retraída,fazendo com que, no setor industrial, a recuperação seja limitada. A projeção do deficit em conta corrente, um dosprincipais indicadores da saúde das contas externas, foi mantida emUS$ 15 bilhões. Castelo Branco explicou também que a recuperaçãodo setor industrial tem sido limitada pela baixa demanda deinvestimentos devido aos efeitos da crise externa. A estimativa de queda naformação bruta de capital fixo (investimentos), por exemplo, estásendo revisada pela CNI este ano de -9% para -12,8%.“Quanto asinvestimentos, há sinais de que possam, talvez, mostrar algumareação, mas em um nível muito inferior ao do no ano passado. Asimportações de bens de capital [máquinas e equipamentosdestinados à produção] ainda não retomaram o ritmoanterior “, enfatizou o economista. Ele ressaltou que a produção doméstica de bens de capitalmelhorou, mas continua em retração. “Isso é sinal de que osinvestimentos ainda vão demorar alguns meses para mostrar uma reaçãomais forte.” Quanto ao mercado detrabalho, Castelo Branco disse que as notícias mostram que o ajustefoi completado, embora na indústria a reação seja consideradamoderada. A projeção para a taxa de desemprego, lembrou, melhorou, passandode 9% para 8,1% na média anual calculada sobre a populaçãoeconomicamente ativa. As projeções mostramainda que a demanda não tem pressionado a inflação medida peloÍndice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve ficar em4,2%, taxa inferior ao centro da meta de 4,5%. Isso deve-se,principalmente, à desaceleração dos preços industriais. Osrepresentantes do setor reclamam da paralisação das quedas na taxade juros por parte do Banco Central.A taxa nominal de jurosfoi mantida na projeção e deve chegar no final do ano em 8,75%. Jáa taxa real, descontada a inflação, foi projetada em 5%. O câmbioestimado ficou em R$ 1,77 no final do ano. No entanto, as projeçõesmostram piora do deficit público nominal, que passaria de2,8% para 3,6%. O governo também não faria um superavit primário de 2,2%,como estimado em junho, mas sim de 1,3%. Na avaliação da CNI, issoimplicaria um aumento da relação entre a dívida pública e oPIB de 38,8% para 44% em dezembro de 2009. “Para haver crescimento do PIB hoje, é preciso haver investimentodoméstico e que a demanda externa melhore substancialmente. Essa éa condição para que passemos de um crescimento zero para umcrescimento positivo”, concluiu.