Em CPI, gerentes da Petrobras negam critério político para patrocínios

22/09/2009 - 19h01

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Emdepoimento hoje (22), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras,três gerentes da empresa negaram os critérios políticos para a concessãode patrocínios e na definição da política de comunicação da empresa. Agerente de Patrocínio da estatal, Eliane Costa, afirmou que a escolha das atividadesculturais e esportivas que recebem o dinheiro da estatal obedece acritérios técnicos que podem ser comprovados pelos resultados obtidos."Épreciso deixar claro que o patrocínio não é um repasse de recursos, éum contrato entre duas partes, que garante a exposição da nossa marca. Háseleções públicas de projetos, que são analisados por especialistasexternos à companhia nas áreas de artes visuais, cênicas,curta-metragem e acervo de música. E programas específicos corporativospara esporte", disse. Eliane Costa afirmou ainda que 98% dasatividades culturais patrocinadas pela Petrobras também estão inseridasna Lei Nacional de Incentivo à Cultura. “Agindo assim, termos agarantia do rigoroso crivo feito pelo Ministério da Cultura”,justificou. De acordo com os dados fornecidos pela empresa, maisde 47 mil propostas receberam incentivos financeiros da Petrobras nosúltimos nove anos, sendo 21.320 projetos apresentados diretamente àempresa e 26 mil inscritos nas seleções públicas. Além deEliane Costa, a CPI da Petrobras ouviu também os depoimentos de Wilson Santarosa,gerente de Comunicação Institucional, e de Luis Fernando Maia Nery,gerente de Responsabilidade Social. Os depoimentos foram motivados pelas suspeitas de que o dinheiro de patrocínio teria ido pararem contas de empresas com endereços fictícios e de contas ligadas àfamília Sarney. A fundação que leva o nome de Sarney teria recebido R$1,34 milhão da Petrobras entre o fim de 2005 e setembro do ano passado para a preservação de seu acervo.Aprolongada exposição de três gerentes da Petrobras irritou os senadores daoposição e provocou uma discussão entre o relator da CPI, Romero Jucá(PMDB-RR) e os senadores tucanos Sérgio Guerra (PE) e Álvaro Dias (PR).Após a fala de Eliane Costa, que durou cerca de 40 minutos, SérgioGuerra protestou: "Não viemos aqui para ouvir palestras. Nem uma mentebrilhante seria capaz de apreender tudo que foi dito aqui”.Orelator, que também é líder do governo no Senado, retrucou: “Eu soucapaz. Tenho um método de trabalho que é de conhecer primeiro o todo paradepois partir para esse ou aquele detalhe”. Guerra continuou: “O senhortem uma mente privilegiada. É uma cobra de duas cabeças”, provocou. Osenador Álvaro Dias também resolveu interferir no debate acirrado,alegando que as longas exposições tinham o objetivo de estender aaudiência até o momento de se iniciar a sessão do plenário.