Ônibus levam de graça passageiros de vans até pontos estratégicos no Rio

14/09/2009 - 14h41

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A insatisfação deusuários e de motoristas levou o Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) arever as regras do novo sistema de transporte alternativointermunicipal do Rio de Janeiro, implantado há menos de uma semana.Desde a manhã de hoje (14), após um acordo com o Sindicato dasEmpresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus), seiscoletivos estão transportando gratuitamente passageiros de vansintermunicipais do terminal situado Leopoldina até pontosestratégicos do centro, como a Central do Brasil. O Detro informouque criou uma comissão para estabelecer um modelo de integraçãoentre as vans legalizadas e os ônibus, com preço único, aser implementado em uma semana.Os usuários reclamam dasuperlotação nas vans. O motorista particular Otoniel NunesLeal mora em Duque de Caxias e tem que acordar duas horas mais cedopara chegar ao trabalho no horário. “Tínhamos mais de 60 vanstrabalhando perto de onde eu moro, agora só há seis. O resultado éque temos que viajar de pé durante mais de uma hora.” Aempregada doméstica Juliana Sousa tem demorado o dobro do tempo parachegar ao trabalho. “Está complicado, a patroa já estáreclamando. Eu que moro longe, em Magé, estou demorando mais de trêshoras para chegar em Laranjeiras, na zona sul.” As novasvans estão proibidasde parar no meio do caminho e de entrar no centro do Rio. Outromotivo de reclamação é a precária estrutura do terminal situadona Leopoldina, que fica distante dos pontos mais procurados docentro. O permissionário José Carlos Herzogue disse que o movimentoestá muito fraco, porque o local afasta os passageiros.“Issoaqui é um perigo à noite, fica cheio de pivete e não tempoliciamento. Fora que falta banheiro para os usuários e para ospróprios motoristas. Quem vai querer vir para cá?”Desde aúltima quarta-feira (9), apenas 462 vans das mais de 1,2 milque faziam o trajeto entre o Rio e municípios vizinhos estãoautorizadas a circular. O motorista Carlos Amário da Silva, de 67anos, é um dos 662 que perderam a licença para trabalhar. Ele disseque há oito dias não tem como alimentar a família.“Sou oprovedor da casa e, com minha aposentadoria de menos de R$ 500, nãoestou conseguindo nem comprar comida. Dirijo vanhá 12 anos e nunca pensei que fosse passar por essa humilhação aesta altura da vida.” A Federação das Cooperativas deVans Legalizadas do estado informou que durante toda a semanadevem ocorrer várias manifestações em diferentes pontos doRio.