Chefe de gabinete da ANP defende política industrial para exploração da camada pré-sal

10/09/2009 - 17h38

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A implantação de umapolítica industrial para a exploração dopetróleo da camada pré-sal foi defendida hoje (10) pelochefe de gabinete da presidência da Agência Nacional doPetróleo (ANP), Luís Eduardo Duque Dutra. “Com adiscussão no Congresso, nós estamos inaugurando umanova era, um novo tempo, onde o Brasil certamente será umgrande produtor de petróleo, o que trará um impactocerteiro para a indústria brasileira, se houver políticaindustrial”, afirmou.

Duque Dutra disse, em entrevista àAgência Brasil, que a perspectiva é favorávelcom a entrega das propostas do novo modelo regulatório para opré-sal. Ele assegurou que entreos países emergentes, o Brasil é o mais bem preparado,no que se refere à indústria nacional, para responder àdemanda por serviços e produtos que o petróleo exigirápara ser desenvolvido no país. Ressaltou, entretanto, que “sempolítica industrial, o aproveitamento do impacto que asreservas trariam será reduzido. Ou seja, é precisopolítica industrial”, disse.

Entre as iniciativasque já deram certo em outros países e que devem seradotadas pelo Brasil para o desenvolvimento do pré-sal, Dutradestacou uma política de conteúdo local, definanciamento para o setor, de recursos humanos voltada para óleoe gás, além de uma regulação econômicacada vez mais qualificada.

O chefe de gabinete dapresidência da ANP também defendeu a mudança domodelo vigente até então no país de concessãopara um sistema de partilha de produção, porque ascondições hoje são diferentes das que havia noBrasil no passado recente. As reservas garantidas do pré-salatingem cerca de 12 bilhões de barris. “É um novopadrão. E seria irresponsabilidade manter o modelo deconcessão que havia”, afirmou.

Duque Dutra disse serfundamental mudar o modelo a fim de que o sistema de partilha para o Estado sejamuito maior. “Não é uma questão de estatizar.De maneira nenhuma”, acrescentando que a Petrobras não temcapacidade de, sozinha, explorar o pré-sal e terá quefazer parcerias com outras empresas, garantindo, porém, umaparticipação de, pelo menos, 30%.

Ele tambémressaltou que para as empresas de tecnologia da informação(TI), a exploração de petróleo na camada pré-salabre um número infinito de oportunidades, principalmente naparte de processamento geofísico.

Duque Dutra esclareceuque mesmo representando 3% das despesas de exploração edesenvolvimento de um campo de petróleo, a geofísica “éestratégica”. Para ele, a perspectiva dentro e fora dopré-sal é de que “a indústria do petróleotem tudo para empurrar o país [para frente]”.Informou que um poço no pré-sal custa em torno de US$60 milhões.

Segundo o chefe de gabinete da presidência da ANP, aPetrobras apresenta atualmente a melhor média de acerto depoços furados do mundo. Enquanto as melhores companhiasinternacionais do setor acertam um poço de cada sete furados,na estatal brasileira a média é de um acerto para cadaquatro poços abertos. “No pré-sal, a Petrobras furoupoços e achou petróleo em todos”, disse, atribuindo oêxito a uma questão de geofísica e deprocessamento.

Duque Dutra participoudo painel Oportunidades no Mercado Mundial de Petróleo e Gás,no Rio Info - 7º Encontro Nacional de Tecnologia e Negócios,promovido pelo Sindicato das Empresas de Informática do Estadodo Rio de Janeiro (Seprorj).