Royalties não livram Macaé da “maldição do petróleo”

07/09/2009 - 10h01

Isabela Vieira
Enviada Especial
Macaé (RJ) - O orçamento milionário dos royalties não livrou acidade de Macaé, no norte fluminense, da chamada “maldição dopetróleo” [manutenção da pobreza em países com grande produção]. Sede da Petrobras, na Bacia de Campos, e referência emqualidade de vida, a cidade acompanha, nos últimos 40 anos, um inchaçopopulacional que trouxe inúmeros problemas sociais e impactos ao meioambiente. “O município de Macaé tem um custeio alto, e osroyalties cobrem cerca de 40% dele”, informa o prefeito Riverton Mussi.“Temos uma rede escolar grande, com 4 mil novos alunos a mais porano só na rede municipal. Sobrecarga no serviço médico. E como tivemosvárias áreas invadidas e favelizadas nos últimos 30 anos. Temos o custoda recuperação”, explicou.Quando a Petrobras se instalou emMacaé, na década de 1970, a cidade tinha cerca de 30 mil moradoresvivendo basicamente da agricultura e pesca. Com a indústria dopetróleo, hoje são 200 mil, além das 40 mil pessoas que vão à cidadetodos os dias para trabalhar. Segundo a prefeitura, é quase impossívelatender a todo esse contingente. “A cidade não estava preparadapara esse salto”, diz o prefeito. “Temos um crescimento populacional20% acima da média nacional. Com o petróleo, vieram os empregos, osroyalties, mas também os nós no trânsito, problemas de infraestruturaurbana, poluição de lagoas com esgoto sem tratamento. Muita coisa."Aviolência é um desses problemas provocados pelo petróleo, acredita oprefeito. De acordo com a pesquisa Mapa da Violência dos MunicípiosBrasileiros 2008, a cidade de Macaé é a mais violenta do Rio - com amaior taxa de homicídio por cem mil habitantes - e aparece ainda em 15ºlugar na comparação com o restante do país.“Na verdade, aviolência é um problema de todas as grandes cidades. Mas aqui revelaum pouco desse problema do crescimento desordenado, da falta dedistribuição de renda”, avaliou. “Há 30 anos, não estávamos preparadospara essa invasão. Depois de 17 anos de exploração, inventaram osroyalties, mas esqueceram que tínhamos de recuperar todos esses anoscom esse dinheiro”,  acrescentou Mussi. Segundo o prefeito, osroyalties, que este ano somam R$ 146 milhões, são investidos emurbanização, na construção de postos de saúde e escolas.