Analistas não acreditam em mais cortes da Selic neste ano, mesmo com inflação baixa

02/09/2009 - 0h06

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar deas projeções para a inflação estarem abaixo do centro da meta,economistas do mercado financeiro reafirmam que não esperam por maiscorte da taxa básica de juros, a Selic, na reunião de hoje (2) doComitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Oestrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Roberto Padovani,lembra que o BC já indicou na última ata da reunião do Copom quenão pretende cortar mais os juros. Neste ano, houve redução de5 pontos percentuais na Selic, que está atualmente em 8,75% aoano. “O Banco Central já coordenou as expectativas. Já avisou aosinvestidores que pensa em não cortar mais os juros”, disse. ParaPadovani, ao decidir sobre a Selic, o BC olha as expectativas para aeconomia a médio prazo. “O Banco Central olha um ano parafrente. E a expectativa é de recuperação mais forte da economia em2010”. Nessa visão, como os cortes de juros já feitos tiveram oobjetivo de estimular a economia afetada pela crise financeirainternacional, com a retomada da atividade, não há mais necessidadede reduzir a Selic.Oeconomista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica, Jason FreitasVieira, considera que apesar do cenário benigno para a inflaçãonos próximos meses, o que possibilitaria nova queda dos juros, oCopom deve ser conservador e parar de cortar juros para observar osefeitos das reduções já feitas. Entretanto,Vieira ainda vê condições de corte de juros até o final do ano, considerando que a atividade econômica do país não gera inflação atualmente. Para o economia,neste ano ainda poderia haver um corte de 0,25 ponto percentual. Além da decisão de hoje, o Copomtambém reavaliará a Selic em outubro e dezembro.Para2010, Vieira considera que os juros podem subir a partir do segundosemestre, com a aceleração da atividade econômica porconta da recuperação dos Estados Unidos. Parao economista da Tendências Consultoria Bernardo Wjuniski, aexpectativa é de manutenção da Selic não somente neste ano, mastambém em 2010. “O nosso cenário é de que a atual taxa vaipermitir uma recuperação não inflacionária da economia. Não háindicações de que pressões possam voltar”, afirmou. Wjuniski acrescenta que, apesar das projeçõespara a inflação estarem abaixo do centro da meta, o BC informou emjulho que os efeitos dos cortes já realizados ainda não foramtotalmente sentidos na economia. “É preciso muita cautela eesperar que esses efeitos apareçam”.Na avaliação dos economistas consultados peloBC, a Selic deve encerrar este ano em 8,75% ao ano e 2010 em 9,25%.Essa informação é do boletim Focus, divulgado todas as semanaspela autoridade monetária. Para o Índice de Preços ao ConsumidorAmplo (IPCA), escolhido para a meta de inflação, as projeções sãode 4,29% para este ano e de 4,30% em 2010. Esses percentuais estãoabaixo do centro da meta de inflação que é de 4,5%. A meta temmargem de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, olimite inferior é de 2,5% e o superior é de 6,5%.O BC usa a Selic para controlar a inflação.Quanto os preços estão em baixa e é necessário estimular aatividade econômica, o BC reduz os juros e faz o inverso quando asituação é a contrária a essa.