Acordo de livre comércio entre Brasil e México é tabu, diz Calderón

15/08/2009 - 18h53

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Opresidente do México, Felipe Calderón, começa na segunda-feira (17) uma visita oficial ao Brasil, quando estará com o presidente Lula, mas no fim de semana ele tem a agenda cheia de compromissos empresariais.

Hoje (15), ele esteve com empresários num encontro promovido pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e disse que um acordo de livre comércio entre o seu país e oBrasil é um “tabu”. Calderón, no entanto, afirmou ter recebidocom “muito interesse” a proposta de livre comérciobilateral apresentada pela Confederação Nacional daIndústria (CNI) e pelo Conselho Empresarial Mexicano de ComércioExterior (Comce).

O presidente mexicano se prontificou a para apresentar a proposta a empresários, setoreseconômicos e grupos políticos mexicanos. “Umaintegração maior e intercâmbiocomercial entre o México e o Brasil está no caminhocorreto do desenvolvimento que queremos para nosso povos”,ressaltou.

Ele atribuiu a “resistências recíprocas”de grupos políticos e econômicos dos dois paíseso fato de não haver um acordo bilateral mais arrojado.

Para opresidente brasileiro do Conselho Empresarial da AméricaLatina (CEAL), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, existem doisfatores que dificultam a implementação de um acordo delivre comércio entre Brasil e México. O primeiro ponto são os compromissos doBrasil com o Mercosul. “O Brasil está amarrado ao Mercusol eé preciso desatar esse nó”, avaliou.

A outradificuldade, segundo Pratini, é o fato do México ter asua pauta de exportações quase totalmente (mais de 80%)voltada para os Estados Unidos. Para se viabilizar a proposta, serianecessário “libertar o México dessa dependênciaquase que exclusiva”.

Pratini acredita que a melhor alternativa para que oBrasil se posicione bem nas relações comerciaisinternacionais é a associação com mercadosemergentes, como os países do Bric – grupo de países em que o país participa com a Rússia, Índia e China - etambém com o México. “Se o Brasil quer realmente marcar espaçono mercado internacional, vai ter que fazer acordos bilaterais”, afirmou.

Deacordo com o presidente da Ceal, a estratégia de desenvolver“grandes parceiros” contornaria o protecionismo europeu e acapacidade de crescimento limitada dos países da Américado Sul.

Dadosfornecidos pela Federação das Indústrias de SãoPaulo (Fiesp) apontam o México com o paíslatino-americano que mais investe no Brasil. Em 2008, foram US$ 200milhões. Neste ano, o Brasil exportou US$ 4,281 bilhõesem mercadorias para o México e importou US$ 3,125 bilhões.A maior parte dos produtos comercializados entre os dois paísesfoi de produtos industrializados.