Ato político pela redução da jornada de trabalho leva 3 mil pessoas à Avenida Paulista

14/08/2009 - 17h07

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 3 mil pessoas, a maioria integrante de seis centrais sindicais e de movimentos sociais, realizaram hoje (14), na Avenida Paulista, manifestação pela redução da jornada de trabalho. O ato é parte da Jornada Unificada de Lutas. Os manifestantes reuniram-se na Praça Osvaldo Cruz e percorreram em passeata a Avenida Paulista até chegar ao vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde foi realizado o ato político pela redução da jornada de trabalho, mas sem redução de salário, em defesa dos investimentos em políticas sociais, além de protestar contras as demissões. A jornada ocorre em diversos estados do país.Segundo o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a luta pela redução da jornada de trabalho já tem 21 anos – começou quando ela foi reduzida de 48 para 44 horas. A justificativa dos sindicalistas para a necessidade da redução é que a produtividade do Brasil cresceu muito e os trabalhadores não tiveram ganho. “Na melhoria dos produtos, só um lado ganhou: o empresariado. Achamos que esse é o momento porque o fato de haver eleição no ano que vem nos ajuda a aprovar essa questão no Congresso Nacional”, afirmou Paulinho.Deputado federal pelo PDT de São Paulo, Paulinho informou que a discussão pela redução da jornada está em andamento na Câmara, onde precisa de 309 votos para ser aprovada e enviada ao Senado, onde serão necessários mais 49 votos. “É uma luta bastante difícil porque os trabalhadores não têm esses votos no Congresso e é preciso aumentar a pressão para conseguir convencer os deputados a votar a favor.”De acordo com Paulinho, 90% dos parlamentares assinaram o requerimento a favor da redução da jornada, mas falta o apoio dos líderes de três partidos. O assunto será discutido em audiência pública no plenário da Câmara no próximo dia 25. “Pretendemos também combinar com o presidente da Câmara, Michel Temer [PMDB-SP], o dia da votação e, nesse dia, pretendemos paralisar diversas categorias e acompanhar a votação nas praças públicas.”Paulinho reforçou que há dificuldades de todo tipo para aprovar a redução da jornada, entre elas a pressão do lado patronal, ao qual não interessa que os empregados trabalhem menos. “Muitos dos líderes do Congresso têm ligação profunda com o empresariado. A ideia hoje é, com essas manifestações em mais de 100 cidades brasileiras, fazer pressão para que possamos votar no plenário da Câmara e ganhar a votação.”Para ele, este é o melhor momento para levantar a questão e aumentar a pressão para ter algumas conquistas para os trabalhadores, devido ao fato de o Brasil já estar se recuperando da crise financeira internacional. “É importante que os movimentos sociais possam se unir e lutar, não só pelas reivindicações específicas de cada movimento, mas por aquilo que interessa a todos os trabalhadores.” De manhã cerca de 8 mil trabalhadores de 40 fábricas da capital participaram de assembleias de mobilização pela redução da jornada. Os trabalhadores pararam suas atividades por duas horas, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.