Brasil deve superar fase neoliberal para retomar o caminho do crescimento com desenvolvimento

13/08/2009 - 16h19

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Rio de Janeiro (Corecon/RJ), Paulo Passarinho,  defendeu  hoje (13)  a superação pelo  Brasil  da experiência neoliberal, para retomar o caminho do crescimento com desenvolvimento. “Um país em vias de desenvolvimento não pode apostar meramente nos mecanismos de mercado para buscar posições semelhantes  às que os países já desenvolvidos  obtiveram”, afirmou ele. Paulo Passarinho  quer uma atuação protecionista do Estado brasileiro, a exemplo do que ocorreu na Inglaterra, na Revolução Industrial, para  poder se defender de condições que, nem sempre, são as mais adequadas para o desenvolvimento de cada país.

Lembrou, também, a importância do papel do estado nas experiências recentes da China e da Índia,  que vão apresentar, mesmo após a crise internacional, resultados significativos em termos de crescimento econômico. “E tudo porque o papel do controle do Estado e da proteção dada pelo Estado  sobre essas economias atenuou os efeitos da crise global em seus respectivos países. São lições importantes que o Brasil deve ter”.

 

Segundo Passarinho, o conjunto de  reformas “liberais” adotadas pelo Brasil a partir de 1990 acabou fragilizando as instituições nacionais. “A dinâmica do desenvolvimento hoje  está muito ditada de fora para dentro porque é, principalmente, fruto das decisões das transacionais. E predominantemente, o nosso parque produtivo é controlado por transnacionais estrangeiras”.

 

O economista recomendou uma mudança de posição, com o Estado assumindo um papel de proteção maior à indústria nacional. Analisou que, com o modelo em vigor , o país é  mais um montador de peças importadas do que um grande produtor industrial.

 

A reversão desse quadro exige  uma estratégias adequadas para organizar a indústria e à área agrícola. “O Brasil precisa de verdadeiras transformações estruturais na sua política industrial, no seu modelo agrícola que, hoje, é baseado fundamentalmente no interesse do agronegócio, monoculturas na verdade", disse Passarinho.