Réptil de milhões de anos encontrado na China pode ser visto no Museu Nacional do Rio

09/08/2009 - 9h54

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A paleontologia,ciência que estuda a vida do passado na Terra, deu um passosignificativo nesta semana no conhecimento de uma espéciealada de réptil extinta há milhões de anos. O exame do fóssilde uma asa de pterossauro achado na Mongólia Interior, no Nordeste da China, revelou que ele tinha sangue quente, ou seja,situava-se entre os animais cientificamente chamados de“endotérmicos”.Essa constatação sedeu graças ao emprego de uma nova tecnologia alemã deanálise que possibilitou a detecção de pelos naparte exterior da asa do animal. Segundo o biólogoAlexander Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Riode Janeiro (UFRJ), a descoberta é importante porque é aprimeira vez que se descobre um réptil com sangue quente(endotérmico). Ele disse que o fóssil ficaráexposto no museu nos próximos meses. Kellner lembrou que asaves também são répteis e endotérmicas.Outrofato importante sobre a asa encontrada na China é quepossivelmente o réptil alado, que viveu há mais de 130milhões de anos, movimentava as asas com muito maisdesenvoltura do que os voadores atuais, como os morcegos, cujas asas têm estrutura semelhante às do pterossauro.Umaintrincada trama de fibras superpostas, chamadas actinofibras,encontrada sob a pele, permite à ciência supor que opterossauro não batia as asas apenas, mas também podiafazer outros movimentos. Mas, por enquanto, segundo Kellner,ainda não é possível determinar quais seriamesses movimentos até porque não se conhece ainda quetipo de tecido compunha as fibras encontradas. A análisedo fóssil foi feita em conjunto pelo Museu Nacional, Museu deCiências da Terra do Departamento Nacional da ProduçãoMineral, Museu Jurássico de Eichstaedt, na Alemanha, e peloInstituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia deBeijing, na China. Kellner foi o coordenador brasileiro da pesquisa internacional. “Oarranjo de diferentes camadas no interior da asa do animal éúnico na natureza e só foi detectado neste caso”,explica, ressaltando que o desconhecimento sobre a constituiçãobiológica das actinofibras eleva o nível de expectativano meio científico.As descobertas sobre o fóssilchinês foram possíveis graças à tecnologiadesenvolvida pelo paleontólogo Helmut Tischlinger, do Museu deEichstaedt (Alemanha), com lâmpadas de luz ultravioleta efiltros que refletem, de forma diferenciada, os tecidos preservadosde um fóssil.O fóssil estudado é daespécie Jeholopterus ningchengensis e está emexcelente estado de conservação, inclusive com tecidosmoles preservados, particularmente os da membrana da asa entre ocorpo e o esqueleto do animal.A pesquisa brasileira foifinanciada pela Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado do Rio de Janeiro (Faperj) e pelo Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).