Depois de alta em maio, consumo de gás natural volta a cair em junho

05/08/2009 - 20h31

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O consumo de gás caiu 2,09% em junho, revelando uma tendência de queda que se verifica desde o início do ano, apesar da aparente recuperação com a alta de 26,5% registrada em maio, em relação ao consumo de abril. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), em junho, foram comercializados 40,6 milhões de metros cúbicos por dia, contra os 41,5 milhões de metros cúbicos diários consumidos em maio. Em relação ao mesmo período de 2008, o consumo de gás natural registrou uma queda ainda maior: 19,35%. O consumo acumulado no primeiro semestre do ano também acusou retração, de 27,82%, na comparação com o primeiro semestre de 2008. Como já vinha acontecendo ao longo do ano, o setor de geração elétrica continuou sendo o que mais influenciou na queda, uma vez que as represas das hidreléticas estão com nível favorável diante do alto volume de chuvas e houve uma menor demanda da energia gerada pelas usinas térmicas. O consumo do setor foi menor em  2,1 milhões de metros cúbicos por dia – uma queda de 20,43% de um mês para o outro.Outro setor que apresentou retração foi o de cogeração (produção de energia elétrica associada à de calor). A queda foi de 1,31% em relação a maio. Em contrapartida, o setor industrial – responsável por 54,41% do consumo de gás natural no país e que vinha apresentando resultados negativos - viu sua demanda aumentar 5,74%. Isto significa um aumento de demanda por 1,2 milhões de metros cúbicos por dia, entre maio e junho. Também teve consumo maior o setor residencial, cuja demanda cresceu 7,46% - o equivalente a 58 mil metros cúbicos a mais por dia de gás natural. Já os segmentos automotivo e comercial mantiveram o consumo do mês anterior. Na avaliação da Abegás, “mais uma vez os dados demonstram que, como vinha acontecendo nos últimos meses, a falta de uma política energética e o alto preço do insumo têm refletindo de forma negativa no consumo”.A associação defende uma reavaliação da política de preços de custo do gás natural, uma vez que, conforme as empresas distribuidoras, os leilões de venda de gás no curto prazo, que vendo sendo realizados pela Petrobras, não têm conseguido estimular o consumo.“Com a redução do consumo, fruto principalmente do alto preço de custo da commodity, observamos um substancial aumento na queima de gás nos lares, que representa hoje mais de 22% do total comercializado pelas distribuidoras, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia”, critica a associação.Ao mesmo tempo em que tece criticas à falta de uma política maior de estímulo ao consumo de gás natural, a Abegas sustenta que, mesmo assim, o mercado continua apostando no gás natural. “Cerca de 8 mil clientes passaram a utilizar o insumo no mês de junho, seja em indústria, comércio e residência, entre outros. As distribuidoras também investiram na rede com um incremento de 114 km”, afirma a Abegás, referindo-se à extensão da rede gasodutos.A queda do consumo no mercado interno vem se refletindo, desde o início do ano, na importação de gás da Bolívia, que caiu dos cerca de 30 milhões de metros cúbicos por dia, relativos ao período anterior à crise, para pouco mais de 20 milhões de metros cúbicos diários.