Brasil espera uma atitude mais firme dos EUA em relação à crise em Honduras, diz Garcia

04/08/2009 - 19h23

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A situação política em Honduras foi um dos temastratados hoje (4) pelo assessor especial da Presidência daRepública, Marco Aurélio Garcia, com o assessor deSegurança Nacional da Casa Branca, James Jones. “Esperamosuma atitude mais firme da comunidade internacional, inclusive dogoverno dos Estados Unidos”, afirmou Garcia ao fim do encontro,de cerca de uma hora. Segundo ele, o governo brasileiroespera sinais mais claros de todos os países para que nãofique nenhuma dúvida sobre a condenação ao golpede Estado que depôs o presidente Manuel Zelaya, no dia 28 dejunho. Zelaya foi expulso do país pelas Forças Armadas,com o aval da Corte Suprema e do Legislativo. Em seu lugar assumiu oex-líder do Parlamento, Roberto Micheletti.“Nãoqueremos sequer imaginar a possibilidade de que o governo Michelettipudesse organizar as eleições”, disse Garcia. Uma daspropostas apresentadas pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias,mediador do conflito, é a antecipação daseleições gerais marcadas para o fim de novembro. “Orestabelecimento do presidente Zelaya deveria ser uma questãoque interessasse a todos os países da região, incluindoos Estados Unidos”, afirmou o assessor da Presidência daRepública.O governo norte-americano, por sua vez,espera uma postura ativa do Brasil em relação ao Irã.O presidente reeleito, Mahmoud Ahmadinejad, deve visitar o Brasilainda este ano. “Estamos na expectativa de que se configure avisita do presidente do Irã aqui, até porqueacreditamos que será uma excelente ocasião de o Brasiltransmitir uma série de opiniões, particularmente noque diz respeito ao programa nuclear iraniano”, disse Garcia. “Éimportante dizer que o diálogo entre o Brasil e o Irã évisto com muito interesse por interlocutores os mais diversos. Opresidente Obama pediu que esse diálogo houvesse, que o Brasilpudesse exercer um papel de mediador”, afirmou, lembrando que amesma solicitação foi feita pelo ministro das RelaçõesExteriores de Israel, Avigdor Lieberman, em reuniões com opresidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, em Brasília, no dia 22 de julho.No encontro de hoje com o assessor de SegurançaNacional da Casa Branca, Marco Aurélio Garcia tambémtratou da preocupação brasileira sobre o acordo militarem negociação entre os Estados Unidos e a Colômbiae a insatisfação sobre a taxação doetanol produzido no Brasil, que dificulta o acesso do produto aomercado norte-americano. “Temos divergências com osEstados Unidos. Agora, isso não nos impede de ter um excelenterelacionamento, não podemos viver num mundo bipolar, comovivemos em outras épocas, onde tudo é preto ou ébranco, tem matizes que vão nos permitir explorar osentendimentos”, afirmou Marco Aurélio Garcia. Ele ressaltou,ainda, a necessidade de uma boa relação do governonorte-americano com os demais países da América do Sul.“A conexão dos Estados Unidos com alguns paísesda América do Sul é uma conexão muito tênue.É importante que essa conexão seja estabelecida, quepossa se concretizar efetivamente um diálogo mais consistente,que venha eliminar as questões secundárias e que centreas divergências nos pontos fundamentais”, afirmou.