Famílias sem-teto são retiradas pela PM de prédio abandonado no Rio

26/06/2009 - 16h46

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 40 famílias de sem-teto foram retiradas, hoje (26), de um prédiodo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ocupado desde segunda-feira(22), na Avenida Mem de Sá, no centro da capital fluminense. Houveconfronto com a polícia e quatro pessoas foram detidas pela PolíciaFederal.A operação contou com apoio do Batalhão de Choque daPolícia Militar, convocado para apoiar o cumprimento do mandado de reintegração deposse, expedido pela Justiça. Para entrar no prédio, retirar osmoradores e conter os manifestantes, os policiais utilizaram cacetetes,bombas de efeito moral e gás de pimenta. “O prédio estavaabandonado há cinco anos. Nós estávamos na rua e decidimos ocupá-lo.Não tinha necessidade disso [confronto]. Podíamos negociar”, contou umadas desalojadas, Sílvia Regina. “Sou trabalhadora, sou casada e estougrávida. Até cheguei a me machucar. Agora, estou novamente na rua.” ADefensoria Pública do estado, que acompanhou a ação policial e propunhaum acordo pacífico, disse que a operação foi intransigente. Os defensorestambém criticaram a ausência do Conselho Tutelar e de uma ambulância para amparar possíveisferidos.“Nossa proposta era reunir, na próxima segunda-feira [29], todos os órgãos da prefeitura e do estado, além do INSS para daruma solução de moradia. No entanto, a PM, a PF e os oficiais dejustiça não aceitaram”, afirmou o defensor Alexandre Mendes. “Isso [areintegração] foi feito da pior forma possível. Inclusive eu fuiatingido por bombas de pimenta”, contou.O tenente-coronelAntônio Henrique Oliveira, lotado no 13° Batalhão de Polícia Militar,coordenador da operação, negou eventuais excessos e disse que aoperação não deixou feridos. “Apoiávamos a Polícia Federal. Não houvecondições deles agirem sozinhos, eram apenas oito agentes e pedirampara que desobstruíssemos a porta. Fizemos isso com armas não letais.” Oscomerciantes da Avenida Mem de Sá afirmaram que também foram atingidospelas bombas de pimenta e tiveram de fechar as portas. “Eles jogaram ogás na nossa frente, derrubando prateleiras e tudo. Começamos a passarmal e tivemos que fechar tudo”, disse a vendedora Andréa Cavalcante.Aprefeitura informou que as famílias desalojadas estão sendoacompanhadas pela Secretaria de Assistência Social, mas que não aceitamir para um abrigo. “Não queremos ir para abrigo. Temos nossas coisas,queremos uma casa permanente”, explicou a desalojada Silvia Regina.  Deacordo com os representantes dos sem-teto, cerca de 150 mil famíliasnão têm onde morar no Rio, enquanto 250 prédios estariamdesocupados ou abandonados na cidade. A prefeitura não sabe quantosprédios estão vazios, mas confirma o déficit de 350 mil moradias.Asfamílias desalojadas, hoje, moravam há pelo menos três anos em umedifício invadido na Rua Gomes Freire, no centro. O prédio pegou fogono mês passado e foi interditado pela Defesa Civil.