Professores brasileiros têm perfil jovem, aponta pesquisa

17/06/2009 - 20h24

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aocontrário do panorama entre os docentes de outros países, a maioriados professores do Brasil é jovem. É o que aponta apesquisa Teaching and Learning International Survey (Talis),realizada pela Organização para Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 24 países. Namaioria dos países, o estudo aponta que a força de trabalho dasescolas está envelhecendo. Já no Brasil, só 12%dos docentes têm mais de 50 anos. Deacordo com a pesquisa, quase um quarto dos professores têm menos de30 anos. O principalobjetivo do estudo é levantar dados sobre o ambiente deaprendizagem e as condições de trabalho que as escolasoferecem aos seus profissionais. Para a secretária de educaçãobásica do Ministério da Educação, Mariado Pilar Lacerda, é positivo o fato de 22% dos docentester menos de 30 anos. “Atrairnovos talentos para a carreira é importante. O próximopasso é garantir que ele tenha um bom plano de carreira,salários adequados e boas condições para que elepermaneça na profissão até se aposentar”,avaliou.Para o presidente da Confederação Nacional dosTrabalhadores em Educação (CNTE), Roberto FranklinLeão, o percentual de jovens no magistério ainda ébaixo. Ele acredita também que muitos professorescom mais de 50 anos abandonam a carreira. "Oprofessor ingressa na carreira jovem, aos 20 e poucos anos, masdepois de dez anos não vê perspectivas de um futuromelhor e vai procurar outras carreiras que ofereçam ganhossalariais melhores”, aponta. Outraquestão em que o Brasil difere dos outros paísesparticipantes da pesquisa é no que diz respeito a cargos diretivos nas escolas. Aqui, asmulheres ocupam a maioria dos postos de direção (76%)das unidades escolares, enquanto no resto do mundo a funçãoé majoritariamente dos homens. A pesquisadetecta que as escolas brasileiras têm pouca autonomia de gestão. Osresultados globais apontam que 75% dos professores trabalham emunidades escolares em que os diretores têm pouca autonomia emrelação ao salário dos professores, mas essaindependência aumenta em relação a contrataçõese demissões de pessoal, além de gestão derecursos. Mas no Brasil, cerca de 25% dos docentes estãoem escolas em que a direção tem autonomia para gerirpessoas.Pilarexplica que esse resultado é reflexo da forma como o sistemaescolar se organiza no país. As secretarias de educaçãosão as responsáveis por administrar o sistema público e asunidades são organizadas em redes. Na avaliaçãoda secretária, o modelo fortalece as escolas, sem prejuízopara a qualidade da educação. "Aescola precisa ter a autonomia resguardada no que diz respeito àdefinição do seu projeto pedagógico e aorelacionamento com a comunidade.”

O levantamento entrevistou diretores e professores em cerca de 200 escolasde cada país. Além do Brasil, participaram do estudoAustrália, Áustria, Bélgica, Bulgária,Dinamarca, Eslovênia, Estônia, Holanda, Hungria,Islândia, Irlanda, Itália, Coreia, Lituânia,Malta, Malásia, México, Noruega, Polônia,Portugal e Turquia.