Energia está ficando cara por causa da dificuldade de se construir hidrelétricas, avalia a Abradee

16/06/2009 - 18h04

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A tarifa de energiaelétrica no Brasil está ficando mais cara devido àescassez de energia, como consequência das dificuldades de seconstruir hidrelétricas no país, disse hoje (16) opresidente da Associação Brasileira de Distribuidoresde Energia Elétrica (Abradee), Luiz Carlos Silveira Guimarães.Entre as dificuldades, ele citou a demora na concessão delicenciamento para a construção das usinas. “Depois,quando aprova, tem um custo de mitigação do impactoambiental, que é justo”, disse.

Guimarãesafirmou que outro elemento determinante sobre o preço daenergia é o fato das novas usinas hidrelétricas seremconstruídas sem reservatórios para armazenar a água.“As usinas sem reservatórios geram muito menos e isso astorna mais caras”. Em função disso, segundo ele, atendência é que a energia gerada fique mais cara com opassar do tempo.

O presidente da Abradeedescartou que vá faltar energia nos próximos anos“porque o país tem hoje uma empresa de planejamento”,referindo-se à Empresa de Planejamento Energético(EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Segundoele, o sistema elétrico é mais robusto atualmente epode acionar, quando necessário, as usinas termelétricas,o que impede o problema de racionamento. Como essas usinas sãomais caras, disse que “as térmicas vão afetar opreço, mas energia não faltará”.

O presidente da Abradeetambém falou dos efeitos da crise internacional sobre asdistribuidoras de energia. De acordo com Guimarães, a reduçãoda procura por energia foi a principal consequência para osetor. Segundo ele, a tendência com a crise “é omercado crescer menos e a receita das distribuidoras diminuir”,disse.

Para a diretoraEconômico-Financeira da entidade, Lívia de SáBaião, o efeito da crise nos consumidores residenciais, porexemplo, leva algum tempo a ser sentido. “É prematuro dizerque o que ocorreu nesse segmento de consumo foi uma 'marolinha'”,disse. Ela revelou que muitos dos grandes consumidores de energia sãolivres, ou seja, negociam os preços de acordo com o mercado.Daí, o impacto da crise ser menor.

Além disso,segundo ela, a situação financeira das distribuidoras éboa. As empresas estão pouco endividadas e não têmexposição ao dólar. Apesar da crise, nãohá previsão de queda nos investimentos pelasdistribuidoras no setor. Nos últimos dez anos, o totalinvestido atingiu R$ 5 bilhões por ano. Com o programa dogoverno federal Luz Para Todos, os investimentos das empresas subirampara R$ 7 bilhões/ano. Hoje, elas atendem a cerca de 63milhões de consumidores.