Resistência do Executivo e da base aliada a investigações sobre a Petrobras diminui, diz Collor

04/06/2009 - 15h23

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado e representante do PTB na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, Fernando Collor, disse à Agência Brasil que as resistências da base aliada e do próprio governo em investigar os contratos da empresa têm diminuído. Segundo o senador, esta preocupação era mais evidente “há semanas”.“Eu percebia com mais intensidade, semanas atrás, a preocupação [do Executivo] pela eventual exposição da Petrobras. Isso vem esmaecendo e não percebo resistências da base em levar [os trabalhos da CPI] adiante”, respondeu Collor, ao ser questionado se não haveria um movimento do governo e de sua base no sentido de adiar os trabalhos da comissão.Desde a criação da CPI, ministros e representantes da base aliada adotaram o discurso de que a empresa tem contratos complexos e que uma investigação poderia comprometer seus trabalhos, especialmente na exploração da camada pré-sal. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), que já ocupou a diretoria de Petróleo e Gás da estatal, é um dos que seguem essa linha de raciocínio. Sem tocar no assunto da CPI, o petista ressaltou a importância que a Comissão de Infraestrutura terá no debate sobre a matriz energética a partir do segundo semestre deste ano.“Nós vamos ter que discutir aqui [na Comissão de Infraestrutura] o pré-sal, por exemplo. Sobre este assunto, existe a criação de uma nova empresa, proposta pelo governo, e o debate sobre um novo marco regulatório para o setor. A Comissão de Infraestrutura será fundamental no debate da nova matriz energética e da exploração do pré-sal”, disse Delcídio.Ele ressaltou que a empresa já realiza na reserva do Campo de Iara, na Bacia de Santos (SP), um projeto piloto para avaliar como terá que ser a exploração no reservatório. Serão perfurações a uma profundidade de 7 mil metros, ressaltou o parlamentar.Diante das explanações do petista, Collor informou que, em 60 dias, o Executivo encaminhará ao Congresso a proposta do novo marco regulatório do petróleo e falou, também, do calendário do ciclo de audiências públicas que serão realizadas pela comissão, a partir de agosto, para debater os desafios para a inovação e o desenvolvimento do setor de infraestrutura. Um dos debates terá como tema os diferenciais estratégicos de produção e exploração do petróleo, etanol e biocombustíveis.  Perguntado pela Agência Brasil se as discussões na comissão sobre a camada pré-sal e as novas regras para o setor do petróleo dividiriam a atenção com os trabalhos de investigação da CPI da Petrobras, Collor afirmou que um assunto não interfirirá no outro. “Uma coisa não interfere na outra, são fatos isolados. O marco regulatório é extremamente importante porque dará aos investidores nacionais e estrangeiros a segurança [no investimento], na medida em que ficarão claras as regras para a realização de novos investimentos no setor”, afirmou o presidente da Comissão de Infraestrutura.