Indústria colabora para PIB menor ao queimar estoques sem aumentar produção, diz Ipea

03/06/2009 - 18h30

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao optarem por queimar estoques em vez de aumentar a produção, para dar conta da crescente demanda do mercado consumidor varejista, as indústrias brasileiras contribuem para que o Produto Interno Bruto (PIB) seja menor do que o esperado. A afirmação é do diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú, feita hoje (3) durante o lançamento da publicação Conjuntura em Foco, que aborda o tema Flutuação de Estoques e Produto Industrial. “O PIB estará aquém das expectativas por conta da produção industrial, e não do movimento de consumo e comércio. Trata-se de um comportamento racional dos empresários, que buscam não incorrer em custos, atendendo ao comércio varejista com a queima de estoques e não com a produção”, disse o diretor do Ipea.Mas o momento atual, de acordo com Sicsú, já começa a ser de recuperação para as indústrias. “Em março e abril, as indústrias realizaram um movimento de recomposição de estoques, o que resultará, mais à frente, em crescimento do PIB”, avaliou. Segundo o estudo, dados de abril indicam leve recuperação da produção industrial. Em particular, pelo fato de 4,1% das empresas terem relatado deter estoques insuficientes. “A partir da queima de estoques indesejados ocorrida no último trimestre de 2008 e de um processo de recomposição gradual nos dois primeiros trimestres de 2009, a economia brasileira deverá trabalhar com um nível normal de estoque já no terceiro trimestre deste ano, compatível com os patamares registrados no terceiro trimestre de 2007 e um pouco inferior ao do terceiro trimestre de 2008”, disse Sicsú.“E, no período entre julho de 2009 e junho de 2010, teremos um PIB com crescimento bastante aceitável até para tempos de normalidade. Todos indicadores apontam para isso”, completou.