Governador quer agilizar ajuda federal ao Piauí

02/06/2009 - 17h47

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governador do Piauí, Wellington Dias, informou hoje (2) à Agência Brasil que a energia já foi restabelecida nas localidades afetadas pelo rompimento da barragem de Algodões 1, ocorrida no dia 27 de maio. Na reunião que terá à tarde com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e com a secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Maria Valente, Dias apresentará o projeto elaborado em conjunto com as comissões de defesa civil locais. O projeto prevê obras de habitação e restauração de estradas, pontes e escolas, além dos reparos de danos pessoais. “Queremos encontrar um mecanismo legal para que as pessoas possam comprar roupas, móveis, material de cozinha, eletrodomésticos e demais coisas que foram levadas pela água”, antecipou o governador. A meta, segundo ele, é que a aprovação desse projeto saia ainda nesta semana para que, a partir da próxima, o governo estadual já conte com a participação do governo federal. “Mas o estado vem liberando recursos para todas as atividades necessárias, de forma independente desse plano de trabalho”, completou.Wellington Dias informou que desde a noite de ontem (1º) a energia foi restabelecida. “Também restabelecemos o sistema bancário, porque estava faltando dinheiro na região, e o fornecimento de alimento para todas as comunidades afetadas”, disse. A tragédia prejudicou também as atividades econômicas da região. “Não há ainda um cálculo econômico do prejuízo, mas ele foi muito grande. Muitos animais foram mortos, tanto bovinos quanto ovinos e caprinos.” A atividade agrícola também foi prejudicada, principalmente a produção de feijão, milho, mandioca e frutas. “Além disso, o comércio de alguns povoados teve suas mercadorias completamente destruídas, e a BR-343, que liga Teresina a Parnaíba, foi danificada”, disse o governador. “Estamos apresentando ao governo federal uma proposta da ordem de R$ 35 milhões para essa intervenção de apoio. O valor é apenas a parte que afeta diretamente as famílias atingidas, não incluindo o gasto com obras de barragens.” Segundo Wellington Dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu uma suplementação ao plano de trabalho apresentado, de cerca de R$ 90 milhões. “Estamos apresentando um plano de trabalho de R$ 125 milhões, complementando as áreas afetadas de Algodões 2 e a que vai de Buriti dos Lopes em direção a Parnaíba.”De acordo o governador, 1.050 famílias foram de alguma forma afetadas. Destas, 472 tiveram suas casas destruídas. “Detectamos também outras famílias que ainda estão situadas em áreas de risco e pretendemos retirá-las no mais curto espaço de tempo possível”.Doze equipes da área psicossocial estão fazendo acompanhamento, especialmente nas 23 comunidades mais afetadas. “Queremos garantir isso por um longo período, bem como assegurar proteção às pessoas que perderam as lavouras e tiveram prejuízo com as atividades comerciais”.O governo do estado também está identificando famílias voluntárias, dispostas a acolher desabrigados, na iniciativa que recebeu o nome de Família Acolhedora. "Estamos identificando também edificações com condições de receber as vítimas e, assim, desocuparmos as escolas para retomar as aulas”, explicou o governador. Segundo ele, muitas escolas estão paralisadas há quase 40 dias.Sete óbitos foram confirmados e duas meninas ainda estão desaparecidas. “São duas irmãs. Já identificamos o local do desaparecimento e estamos investigando uma área de aproximadamente 80 quilômetros, que vai da barragem de Algodões 2 até o local onde o Rio Pirangi deságua, no Rio Parnaíba.” Dias informou que foi criada uma equipe técnica para avaliar as responsabilidades pelo acidente. “Após a ocorrência, nomeei uma comissão que será presidida tecnicamente pela engenheira Vanda Costa, com a participação do Crea [Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura] e de um conjunto de outras entidades dos setores público e privado para saber objetivamente o que realmente aconteceu e colher todos os dados e informações e, a partir daí, tirar conclusões e encaminhamentos.” Para ele, não se deve fazer qualquer prejulgamento. "Precisamos ter paciência e aguardar o resultado desse levantamento antes de tomar qualquer decisão sobre o que aconteceu”, completou.