Para Pastoral, superlotação no RS prejudica controle dos presos no Presídio Central

26/05/2009 - 20h31

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A superlotaçãono Presídio Central em Porto Alegre faz comque o estado não tenha controle sobre os presos, de acordo como coordenador da Pastoral Carcerária no Rio Grande do Sul,Manoel Feio da Silva, que há mais de 10 anos, visitasemanalmente a unidade. Ele informou que em cada galeria do presídioexiste a figura do “chefe de galeria”, um preso que assume aliderança sobre os demais detentos naquele local. “Na galeriaD, por exemplo, o chefe de galeria decidiu que a pastoral nãopode entrar. E não entramos”, disse Manoel da Silva.O presídio temcapacidade para abrigar 1,7 mil presos e, atualmente, de acordo comdados da Secretaria estadual de Segurança Pública,abriga cerca de 5 mil. “Com essa populaçãocarcerária, quem manda são os presos e a direçãodo presídio reconhece a existência dessas lideranças”,destacou.O PresídioCentral foi apontado no relatório final da ComissãoParlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carceráriocomo o pior presídio do Brasil. Nesse ranking figuram em segundo lugar, a Colônia Agrícola de CampoGrande (MS); e em terceiro, o Distrito de Contagem(MG), a Delegacia de Valparaíso (GO), a 52ª Delegacia dePolícia em Nova Iguaçu (RJ) e a 53ª Delegacia dePolícia de Caxias (RJ).“No pavilhãoB, um dos mais lotados, é comum ver os presos descerem para obanho de sol enrolados em cobertores. Em vez de tomarem banho de soleles deitam embaixo na marquise para dormir já que nãopuderam deitar a noite por falta de espaço. Nas celas, existemseis camas, onde é possível dormir 12 pessoas. Mascomo existem cerca de 30 presos em cada cela, o restante nãopode deitar”, desse o coordenador da Pastoral Carcerária.Outro problema étambém a superlotação das celas destinadas apresos doentes. A grande população carcerária,na opinião de Manoel da Silva, impede que haja separaçãopor tipo de doença com o objetivo de evitar contágio.“Em cada galeria existe uma cela que está sempresuperlotada. Nesse lugar convivem pessoas com Aids, sífilis,tuberculose e muitas outras doenças”, destacou.Mesmo diante dasuperlotação observada no Presídio Central, paraa Pastoral Carcerária, a decisão de não prender15 suspeitos de integrarem uma quadrilha de roubo de caminhões,tomada pela juiz de Canoas, Paulo Augusto Oliveira Irion, nãose justifica. “Ele poderia enviar os presos para o interior oumesmo verificar a situação de presos cujas penas estãoquase no fim, que possuem bom comportamento e que podem ser enviadospara o regime semi aberto”, destacou Manoel da Silva