ONG faz show com intuito de arrecadar recursos para busca de crianças desaparecidas

23/05/2009 - 19h54

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Destino certo de milhares de jovens e crianças quebuscam um pouco de alegria, o Playcenter, parque de diversões de SãoPaulo, abriu suas portas hoje (23) para que as mães que não sabemnotícias dos seus filhos desaparecidos pudessem sensibilizar asociedade com suas lágrimas. A Associação Brasileira de Busca e Defesade Crianças Desaparecidas, conhecida como Mães da Sé, promoveu um showpara angariar fundos e ajudar as cerca de cinco mil famílias, às quaisoferece apoio psicológico, jurídico e social.Quando tinhaapenas 13 anos, em 1995, a então adolescente Fabiana desapareceu a 120metros de sua casa, na zona oeste de São Paulo. Sua mãe, IvaniseEsperidião, começou então a cruzada para encontrá-la. Em 1996, Ivaniseapareceu em rede nacional de televisão, ao relatar seu drama na novela"Explode Coração". Até hoje não há pistas sobre o paradeiro da menina,que deve ter 27anos. A partir daí, Ivanise fundou a organização não governamental Mães da Sé, onde atua na busca não só decrianças, como de pessoas desaparecidas. Ivanise estima queencontrou 2.022 pessoas nos 13 anos de trabalho da entidade, que hojepreside. Porém, a Mães da Sé tem em seus registros 7.322 pessoasdesaparecidas. Para ela, estar no parque ajuda a conscientizar asociedade, que pode ser uma grande aliada na luta das famílias dosdesaparecidos. "A sociedade deve estar atenta e colaborar cominformações, além de pressionar o poder público a criar políticas paraencontrar os desaparecidos", completou.A presidente da Mães daSé ressaltou que "é vergonhoso" que o Brasil não tenha um cadastrounificado de pessoas desaparecidas. "É mais vergonhoso ainda sepensarmos que existe um cadastro de carros roubados", destacou. ParaIvanise, o poder público é omisso e não se empenha devidamente na buscadas crianças."Quem investiga, quem faz o papel de polícia,somos nós. Quando minha filha sumiu, tive que esperar 24 horas pararegistrar um boletim de ocorrência. Nos Estados Unidos, por exemplo,quando uma criança some é acionado o alerta Amber, que notifica osmeios de comunicação e os departamentos de transportes, para fechartodas as saídas da cidade", explicou.Ivanise espera ainda quecom o evento no Playcenter, as pessoas também se sensibilizem com asituação. Ela contou à Agência Brasil que recebe trotes frequentemente,com informações falsas sobre o paradeiro de sua filha. "Semana passadauma senhora de Florianópolis me ligou dizendo que minha filha moravalá, era casada e tinha quatro filhos. Investiguei e era tudo mentira,ela só queria passar trote mesmo", disse. Segundo a SecretariaEspecial de Direitos Humanos, cerca de 10% a 15% dos desaparecidosnunca mais retornam para suas famílias. Não há números oficias sobrecrianças e adolescentes desaparecidos. Ivanise alertou que os paisdevem sempre orientar os filhos a não conversar ou receber objetos deestranhos, além de ensinar o número do telefone e o endereço de casapara as crianças. "Sempre digo que os pais devem procurar saber quemsão os amigos dos filhos e deixar as crianças acompanhadas apenas depessoas de confiança", concluiu.