Bernardo defende gastos públicos no combate aos efeitos da crise internacional

19/05/2009 - 18h25

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O gasto público como umadas ações de combate aos efeitos da criseinternacional, aliado à boa gestão, foi defendido hoje(19) pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Para o ministro,“é muito tosco achar que só cortar gastos vairesolver os problemas de um país complexo como o nosso e,particularmente, numa conjuntura complicada, que exige respostasflexíveis”.De acordo com Bernardo, o paístem trabalhado na adoção de medidas que nãotrazem soluções estéreis. “Achamos que épor isso que o Brasil está enfrentando a crise de maneiradiferenciada. Por isso é que nós estamos conseguindonos sobressair sem soluções estéreis, como seriao caso de abrir e mandar tapar buracos no dia seguinte”, disse.O ministro do Planejamento afirmouainda que as soluções para o enfrentamento da crise têmde ser sofisticadas. Esclareceu que as soluções sãomais complexas do que “sair por aí cortando gastos”,porque isso teria efeitos danosos sobre a economia brasileira, que seprolongariam por vários anos.Para o governo, a crise nãointerrompeu o projeto de desenvolvimento do Brasil. “O Brasil nãoé parte desse problema, mas consideramos que o Brasil éparte da solução e pode ser uma grande e influenteparte da solução, junto com outros paísesemergentes, como a China e a Índia”, disse.Ao participar do FórumNacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos(Inae), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES), Paulo Bernardo assegurou que o número deservidores na máquina federal é o mesmo de 1997. Bernardo contestou estudo apresentadopelo consultor Raul Velloso, que projetou que as despesas de pessoalrepresentarão este ano 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB),atingindo o maior nível desde 1996 e mostrando crescimento de0,6 ponto percentual em relação a 2008.O ministro falou que ainda nãose sabe o valor do PIB deste ano. “Ele [Velloso] estáfazendo uma aposta, uma projeção. E me parece que estáfazendo uma projeção conservadora no tamanho do PIBmas, arrojada no tamanho dos gastos do pessoal”, disse.Segundo o ministro do Planejamento,seria importante que essa conta incluísse a substituiçãode “milhares de consultores” que atuavam em todas as áreasde governo, e que recebiam salários mais altos que osfuncionários públicos. Houve uma substituição,por decisão do governo e por imposição doMinistério Público do Trabalho e do Tribunal de Contasda União, que consideravam irregular manter pessoastrabalhando de forma permanente no governo, sem ter prestadoconcurso, explicou . “Nós estamos fazendo a substituiçãodesse pessoal. E, inclusive, com salários menores”.Indagado sobre notícia naimprensa que apontava um aumento de 15,3% nos gastos do governo noprimeiro quadrimestre deste ano, Bernardo disse não saber quemefetuou a medição. “Às vezes, sãocontas de jornalistas. Você vai olhar e não batem”.Ele prefere conferir primeiro para depois comentar. De acordo com anotícia, os gastos do governo somaram R$ 225 bilhões dejaneiro a abril, em despesas com pessoal, custeio e investimentos. O ministro do Planejamento afirmouque 2009 foi eleito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silvacomo o ano nacional da gestão pública. E revelou que ogoverno está concentrando esforços para desenvolvervárias forças de trabalho visando a melhoria da gestãopública ainda este ano. A ideia é que a crise externapode gerar oportunidades para o país. “Nós temoscerteza de que o Brasil vai sair mais forte da crise do que estávamosquando ela começou, sem ter contribuído para que elaacontecesse”, disse.