Arrecadação de abril indica início de recuperação da economia, diz coordenador

18/05/2009 - 17h39

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O desempenho da arrecadação federal em abril indica que a atividade econômica iniciou um ciclo de recuperação no final do primeiro trimestre, disse hoje (18) o coordenador-geral de Estudos, Previsão e Análise da Receita Federal, Marcelo Lettieri. Ao apresentar a análise da arrecadação para os quatro primeiros meses de 2009, ele afirmou que a redução no ritmo de queda das receitas federais no último mês aponta para uma reação da economia.Se forem levadas em consideração apenas as receitas administradas pela Receita, a arrecadação fechou abril com queda real (descontada a inflação pelo IPCA) de 6,48% na comparação com o mesmo mês de 2008. O pior resultado havia sido registrado em fevereiro, quando a queda mensal chegou a 11,13%, também em termos reais.Apesar da recuperação registrada no último mês, o coordenador afirma que ainda é cedo para falar que a pior fase da crise tenha passado. “A Receita está em estado de alerta. Essa recuperação não significa que a crise acabou”, disse Lettieri e acrescentou:  “A arrecadação não está totalmente recuperada, mas há sinais de recuperação.”Como a arrecadação reflete os fatos geradores do mês anterior, os resultados, até agora, mostram que a atividade econômica teve o pior desempenho em janeiro. No entanto, Lettieri ressalta ser necessário esperar a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre e o resultado da arrecadação em maio para confirmar a tendência.O coordenador, no entanto, admite que, mesmo que a economia intensifique o crescimento nos próximos meses, a arrecadação não deverá voltar aos níveis de 2008. “Não dá para comparar com o ano passado porque estávamos numa época de crescimento forte”, declarou. De acordo com ele, as projeções da Receita mostram que, se o PIB aumentar pelo menos 1,2% neste ano, a arrecadação federal fechará 2009 com crescimento nominal (sem considerar a inflação).O crescimento de 1,2%, no entanto, está distante das previsões dos analistas. Segundo o Boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada hoje pelo Banco Central, o mercado projeta que o PIB terá contração de 0,49% no ano.Segundo Lettieri, a recuperação das receitas do governo em março e abril pode ser comprovada pelo desempenho da arrecadação da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Esse tributo incide sobre o faturamento das empresas e, de acordo com ele, reflete melhor o comportamento da economia.As receitas da Cofins mostram que as empresas aceleraram o ritmo de recuperação em abril. A arrecadação do tributo somou R$ 9,295 bilhões no último mês, contra R$ 8,342 bilhões em março e R$ 7,554 bilhões em fevereiro. “Por causa das desonerações, o resultado da arrecadação sofrerá impacto mesmo com o crescimento da atividade econômica. A Cofins, dessa forma, é a melhor maneira de acompanhar as tendências”, explicou.