Vannuchi defende resgate histórico da memória de lutas do período de ditadura militar

11/05/2009 - 18h03

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O secretárioespecial dos Direitos Humanos da Presidência da República,Paulo Vannuchi, defendeu hoje (11) um resgate histórico, porparte das novas gerações, da memória de lutas do período de ditadura militar. Para o secretário, que participou doSeminário Internacional A Luta pela Anistia: 30 anos, opassado do Brasil é uma “preciosa experiênciahistórica que as novas gerações não têmo direito de deixar sepultado e esquecido”. O evento teve iníciohoje (11), na Estação Pinacoteca do Estado de SãoPaulo, e segue até o dia 15.Vannuchi disse que aanistia, apesar de ser um assunto polêmico e de ainda manter emaberto questões para a definição judicial decasos de tortura e assassinatos, representou um passo importante na história do Brasil. Para ele foi a anistia quem permitiu o retornoao Brasil de personalidades políticas que impulsionaram  o processo de luta pelo fim da ditadura, que ocorreu em 1985 com eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral. O secretárioressaltou que o desejo de punição aos torturadores nãoé revanchista e, sim, um dever institucional históricoe ético de desprezar a impunidade. “Se tinha no Brasil aidéia de que torturou-se, matou-se, ocultou-se cadáverese isso deveria ser esquecido. Evidentemente nós estamosconstruindo um Brasil daqui para frente muito mais aberto eintolerante à repetição dessa barbárie”.Alémda luta pela punição aos torturadores e pela aberturados arquivos da ditadura, o integrante do Fórum dos Ex-presose Perseguidos Políticos Raphael Martinelli afirmou que o grupose preocupa com a disseminação de informaçõessobre o período da ditadura militar para que, ao conhecer suahistória, as novas gerações não permitamrepetições. “É preciso que a juventude aprendadesde criança para dar valor ao que significa a democracia. Euespero que com essa educação as pessoas saibam maissobre o que significou a ditadura em termos de atraso político,intelectual e tudo mais para os trabalhadores.”Martinellireforçou que ainda há resquícios ditatoriais nopaís quando não se revela quem foram os torturadores eassassinos para que eles sejam devidamente punidos. “Isso éruim para o Brasil. Todos os outros países tomaram posição,além dos organismos internacionais. E aqui no Brasil estamosdemocraticamente fazendo conferências, palestras para que asociedade e as autoridades entendam que devem tomar posição.”Ahistoriadora e membro da Comissão de Familiares de Mortos eDesaparecidos Políticos, Janaina Teles, filha e sobrinha deex-presos e perseguidos políticos, que também foi presaaos 5 anos de idade e separada de seus pais, considerou importante ainiciativa de realizar eventos periódicos para lembrar operíodo da ditadura e, principalmente, para exigir a puniçãode torturadores.“Há 30 anos nós lutamos paraque esses assuntos sejam debatidos amplamente por toda a sociedade. Aluta por verdade e justiça no Brasil em relaçãoaos crimes cometidos durante a ditadura militar é um assuntopolítico e de toda a sociedade. Então é de todaimportância que eventos como esse ocorram para que o debate eas propostas sejam discutidos.”