Consórcio estuda alternativa para fertilizantes importados na área de biocombustíveis

11/05/2009 - 17h26

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um consórciode instituições, coordenado pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do Ministérioda Ciência e Tecnologia, está desenvolvendo um estudoestratégico sobre minerais alternativos aos fertilizantesimportados atualmente pelo Brasil para uso na indústria debiocombustíveis. A pesquisa, feita a pedido do governofederal, tem financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos(Finep), com recursos de R$ 400 mil, oriundos do Fundo SetorialMineral.Segundo o coordenador do estudo, Francisco Fernandes,do Cetem, atualmente, o Brasil é o terceiro maior importadormundial de potássio e rocha fosfática, minerais básicospara a produção de fertilizantes. Ele informou que, noano passado, a importação de agrominerais chegou a US$3,4 bilhões. "O Brasilimporta em torno de 80% dos fertilizantes usados na produçãoagrícola. Como a política do governo prevê aexpansão dos biocombustíveis líquidos àbase de soja e de cana-de-açúcar, será precisoadquirir no exterior mais fertilizantes, que representam um quarto docusto agrícola."Fernandes disse quevem daí o interesse em pesquisas para identificaçãode minerais alternativos, que levem a um modelo de adubaçãomais adequado para o Brasil do que o modelo adotado pelos paísesdo Primeiro Mundo, que têm estações bem definidasno ano. “Estamos em um país tropical com grande intemperismo[conjunto de processos que levam à degradaçãoe decomposição das rochas] e precisamos de ummodelo mais adequado”, destacou o pesquisador. O modelo adotado noBrasil usa três substâncias básicas: nitrato,fosfato e potássio (NPK). A pesquisa procura uma rotaalternativa, buscando rochas que também tenham esses elementosquímicos.Além do interesse em descobrir ummodelo de adubação adaptado ao clima e à culturado Brasil, pretende-se mostrar que o país tem reservasminerais importantes, que ainda não foram exploradas epoderiam ser postas em operação. Assim as substânciaspara os fertilizantes passariam a ser extraídas dos minérioslocais. Simultaneamente, as concessionárias das minas deveriamexpandir a produção, acrescentou Fernandes. Segundoele, tais empresas tomaram conta do mercado e impedem odesenvolvimento dos biocombustíveis. “Três empresascontrolam o setor e não andam muito interessadas em tirar ominério nacional. Não estão fazendoinvestimentos suficientes para ampliar a sua escala. E, ao mesmo,controlam a distribuição. Controlam o consumo e, até,são grandes importadoras”, afirmou Fernandes. Umadas minas, localizada em Minas Gerais, tem 250 anos de vida útil.Isso significa que a escala de produção épequena e poderia ser duplicada, passando a vida útil a ser de125 anos. Fernandes insistiu que as trading companies (companhiascomerciais exportadoras) estão produzindo “uma quantidadeinsignificante para as necessidades do país e tambémpara o volume das jazidas brasileiras”. Se a capacidade produtivadas minas existentes aumentar, a dependência brasileira daimportação de fertilizantes poderia cair para 40% emdois anos. O pesquisador disse que os minerais que poderãoresultar em fertilizantes fabricados no Brasil não deverãoser agressivos ao meio ambiente. “A ideia é que, atravésde processos tecnológicos amigáveis, isto é, comutilização de tecnologias limpas, essas substânciaspossam se transformar em adubos minimamente agressivos ao meioambiente.” Fernandes pretende apresentar ao governo federalas primeiras conclusões do estudo em janeiro do ano que vem.“Vamos produzir uma agenda de prioridades para o governo, de longoprazo.”