Para Opportunity, indiciamento de Dantas em CPI é manobra para esconder ilegalidades na disputa das teles

08/05/2009 - 18h14

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Em nova nota à imprensa, divulgada hoje (8), o grupo Opportunity sugeriu que o indiciamento do banqueiro Daniel Dantas, proposto no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara pode ter sido uma “manobra política mal arquitetada” para “apagar os rastros de ilegalidades cometidas no âmbito da disputa societária das teles desde 2003”. Para o grupo, o relatório final da CPI apresenta “contradições, falhas e incoerências típicas”.O Opportunity afirma que a Kroll - empresa contratada pela Brasil Telecom - não interceptou ilegalmente a Telecom Itália, mas teria sido vítima de espionagem pela empresa italiana. A suposta espionagem feita pela Kroll foi investigada pela Polícia Federal na Operação Chacal.“O Opportunity reafirma que a Kroll foi contratada pela Brasil Telecom [BrT] – e não por Daniel Dantas – para investigar a compra superfaturada da Companhia Riograndense de Telecomunicações, por pressão da Telecom Itália e conivência dos fundos de pensão brasileiros, sócios da BrT. A Kroll, de acordo com perícia da própria Polícia Federal, não tinha equipamentos para fazer grampo telefônico”, diz a nota do grupo.Em seu depoimento à CPI dos Grampos, em abril deste ano, o banqueiro Daniel Dantas disse que não ordenou a instalação de grampos ilegais pela Kroll e alegou que a Operação Chacal teria sido “encomendada” pela Telecom Itália à Polícia Federal. Segundo Dantas, a empresa do setor telefônico italiano teria interesse em prejudicar a Brasil Telecom na disputa pelo setor de telefonia no Brasil.O relatório final da CPI dos grampos foi entregue hoje pela nova relatora Iriny Lopes (PT-ES), que  assumiu sua autoria após o titular do cargo, Nelson Pellegrino (PT-BA), ter se licenciado da Câmara dos Deputados para assumir a Secretaria de Justiça da Bahia.Em seu relatório, a relatora apenas incluiu o pedido de indiciamento do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, por escuta telefônica clandestina. Segundo ela, há indícios de que Dantas teria contratado empresa de escutas telefônicas para grampear conversas durante a compra da Brasil Telecom pela Telecom Itália. O grupo Opportunity era interessado na negociação. O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações iniciais da Operação Satiagraha, e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Paulo Lacerda  não foram indiciados.“A nova relatora, deputada Iriny Lopes, caiu de paraquedas com o objetivo de incluir, a toque de caixa, o nome de Daniel Dantas por um crime que não houve e participar de um acordão, mais uma vez liderado por políticos, para livrar quem mentiu, omitiu e obstruiu, deliberadamente, o trabalho da CPI”, afirma a nota do Opportunity.