Para economista da Fipe, sucesso das políticas anticíclicas depende da duração da crise

03/05/2009 - 0h00

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O economista Fernando Botelho,pesquisador da Fundação Instituto de PesquisasEconômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP) avalioupositivamente iniciativas do governo para minorar os efeitos da crisefinanceira internacional sobre a economia brasileira. Em suaavaliação, foram acertos, por exemplo, a reduçãoe isenção de IPI para os carros e materiais deconstrução. “Esses setores têm respondido ecompensado o desempenho de outros setores como, por exemplo, o comércio,que tem perdido muito emprego”, comparou.

ConformeBotelho as ações, no entanto, são “parciais”e “localizadas”, não eliminam a vulnerabilidade daeconomia e o sucesso depende da interrupção do quadronegativo. “O sucesso dessas políticas depende do horizonteda crise. Pode ser que essas estratégias do governo nos livreaté de uma recessão. O problema é se a crisedemorar muito tempo para acabar. Será que o governo temmunição para segurar essas políticas que sãomuito onerosas para o Tesouro Nacional?”, indagou.

A duraçãoda crise também pode afligir as políticas de proteçãocontra o desemprego, ressaltou Fernando Botelho. De acordo com opesquisador, poderá ser preciso ampliar o seguro-desemprego eele questionou “se, de fato, o Ministério do Trabalho estácapitalizado via recursos do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador] edo FGTS [Fundo de Garantia por Tempo de Serviço] para fazerfrente à necessidade de extensão do seguro-desemprego por maistempo”.

Botelhoenfatizou o caráter paliativo da proteção. “Asmedidas de reposição de renda, seguro-desemprego ououtras políticas sociais mais duradouras não conseguempreencher esse vazio deixado pelo desemprego”.

O sucessodas políticas será avaliado no próximo ano peloeleitor brasileiro, lembra o economista. Em sua avaliação,“o governo tem feito uma aposta de que a crise vai ser passageira.Se isso for assim, terá pouco impacto na popularidade dopresidente e de sua candidata”, comentou, fazendo referência àministra Dilma Roussef (Casa Civil). “Se a economia continuarcaindo, vai ser difícil. Vai ter impactos eleitoraisimportantes e vai ser muito difícil o presidente Lula fazerseu sucessor”, prevê.