Crise financeira pode levar à valorização do trabalho e da produção

01/05/2009 - 9h57

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Se, em curto prazo, osefeitos da crise financeira mundial podem atrapalhar a lutatrabalhista no Brasil, no médio e longo prazos, as reflexõesque partem da crise podem produzir efeitos positivos para ostrabalhadores. A avaliação é do economistaSérgio Mendonça, coordenador da Pesquisa de Emprego eDesemprego (PED) realizada pelo Departamento Intersindical deEstatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Umefeito considerado por Mendonça é a valorizaçãoda atividade produtiva, em detrimento da atividade meramentefinanceira. “O trabalho voltou ater voz depois que tudo ruiu. O desmonte dessa parafernáliafinanceira que o mundo estava vivendo abre uma agenda, no mínimo,interessante sobre a inclusão, o acesso ao emprego e a novaspolíticas fiscais e tributárias com o objetivo de taxarmais os mais ricos e de distribuir renda. Nesse sentido, Mendonçaavalia que este 1º de Maio deve ensejar uma perspectiva deempregos mais decentes, a depender da capacidade de mobilizaçãodos trabalhadores. “O mundo vinha em uma toada na qual a dimensãofinanceira das atividades econômicas é que dava o tom.Com toda essa crise, com a desvalorização dos ativos, atendência é dar a dimensão produtiva um valor queestava relativamente menor nos últimos 20 anos. Isso carregaconsigo a possibilidade de maior geração de emprego”,explicou.Mendonça disseainda que não vê espaço para flexibilizaçãode leis trabalhistas em um contexto de crise como o atual. Noentanto, ele reconhece que, na prática, o mercado acabafazendo isso, com muitas empresas atuando na ilegalidade em relaçãoa contratações. “Não se alteraa legislação em momentos de crise. A finalidade dosgovernos de todo o mundo agora é tirar o país darecessão com políticas expansionistas. O governo temque continuar intervindo para evitar um desaquecimento mais forte.Não há, na minha opinião, nenhum clima para um movimento de flexibilização de leistrabalhistas. Na vida real, na prática, o mercado faz isso,contratando pessoas sem carteira assinada e colocando a culpa nacrise”, destacou.