Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Belém - Para garantir segurançaalimentar aos consumidores de açaí, as açõesdas equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) têm sido fortalecidas nos estados que fabricam oproduto. O objetivo é garantir mais qualidade e evitar,sobretudo, a contaminação do açaí pelobarbeiro, inseto transmissor da doença de Chagas. A informaçãoé do diretor de Vigilância Epidemiológica, daSecretaria de Vigilância em Saúde do Ministérioda Saúde, Eduardo Hage que participou, na semana passada, emBelém (PA), de programação em comemoraçãoao centenário da descoberta da doença no país.Ementrevista à Agência Brasil, Hage ressaltou aindaque a transmissão tradicional da doença pela picada dobarbeiro está em fase de eliminação. Mas,segundo ele, a outra forma de transmissão desse mal, por viaoral, ainda vem sendo registrada, apesar dos avanços obtidosem âmbito nacional no controle da doença.Em 2006, foram registrados 91 casos e quatro mortes. Em 2007, onúmero de mortes decorrentes de doença de Chagas semanteve em quatro, mas os registros da doença alcançarama marca dos 123 casos. O Pará está entre os estadosmais atingidos. No ano passado, por exemplo, 93 casos foramconfirmados no estado, sendo que um dos doentes morreu. “Atransmissão via oral da doença se dá pelaingestão de alimentos contaminados pelo barbeiro. Na regiãoamazônica, especialmente no Pará, o principal exemplodessa contaminação se dá pelo açaíque, em alguns casos, é feito em condiçõesinadequadas. A vigilância sanitária, feita desde oprocessamento das polpas, até a sua comercializaçãoé uma das medidas adotadas para evitar esse problema”,disse.A tripanossomíase americana, mais conhecida comodoença ou Mal de Chagas, é a infecçãocausada pelo protozoário Trypanosoma cruzi etransmitida pelo barbeiro. A doença apresenta uma fase aguda,que pode ser identificada ou não, e com tendência àevolução para formas crônicas (indeterminada,cardíaca, digestiva), caso não seja tratada de formaprecoce, com medicamento específico. O inseto têm a matacomo ambiente natural.“O açaí éproduzido exatamente onde os barbeiros silvestres vivem. Por isso,uma das medidas para evitar a contaminação é ocontrole da colheita desse fruto, para que ele seja coletado,armazenado e distribuído de forma adequada. Até 2005, aAmazônia era considerada uma área endêmica, masnesse mesmo ano, teve início na região a implantaçãode uma vigilância baseada na detecção de casos dedoença de Chagas de forma integrada à vigilânciada malária.”, completa Hage.Para ter certeza de queo açaí está limpo e livre do barbeiro, a pessoadeve buscar o selo de qualidade emitido pela vigilânciasanitária. Além disso, segundo informaçõesdo Ministério da Saúde, algumas pesquisas feitas naAmazônia, pelo Instituto Evandro Chagas e pela UniversidadeFederal do Pará, para desenvolvimento e aperfeiçoamentode técnicas para produção desses alimentos emescala comercial também estão contribuindo para aeliminação do problema. A investigação dos reservatórios de águaconstituem-se em um novo campo de pesquisa, que leva em consideraçãoas condições de fauna e flora e os efeitos dadegradação ambiental sobre a transmissão dadoença. Atualmente, o país tem aproximadamente 2,5milhões de portadores da doença crônica.Adoença de Chagas foi identificada em abril de 1909 pelocientista brasileiro Carlos Chagas a partir de estudos feitos comamostras de sangue de uma criança de dois anos de idade, quemorava em Minas Gerais. Problema cardíacos são comunsaos infectados, já que a gravidade da moléstiadeteriora os tecidos do coração. O agravamento dadoença em fase crônica ocorre em aproximadamente 30% daspessoas infectadas.