Construtoras poderão contratar beneficiados do plano habitacional para fiscalizarem obras

24/04/2009 - 17h53

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady, disse hoje (24) à Agência Brasil que não haverá, por parte das construtoras, resistência por contratar, como fiscais das obras, os próprios beneficiados do Minha Casa, Minha Vida, o programa habitacional do governo. A sugestão havia sido apresentada em abril pelo presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marcos Túlio de Melo. “Não vejo nenhum problema em contratarmos alguns beneficiados para a fiscalização dessas obras, até porque isso está previsto na lei de corporações. O que precisamos é ter o cuidado de indicar pessoas qualificadas para esse tipo de serviço. Já tivemos experiências negativas com pessoas desqualificadas e sabemos dos riscos políticos e ideológicos que podem decorrer de uma má escolha. Inclusive o próprio Confea poderia ajudar nesse trabalho. Eu seria o primeiro a assinar um documento a favor disso”, disse. Até o final de 2010, cerca de 650 mil habitações já deverão estar contratadas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Em entrevista hoje ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Safady disse que o Minha Casa, Minha Vida é o ponto de partida de um projeto muito maior.“Nosso setor está preparado e vamos nos desdobrar para enfrentar e superar os problemas operacionais que estão por vir. O sucesso do projeto é a consolidação de um programa que estamos buscando há algum tempo, chamado Moradia Digna, que pretende construir 7,5 milhões de habitações no prazo de 15 anos. O Minha Casa, Minha Vida é o embrião desse projeto e vamos trabalhar para que ele dê certo e possamos erradicar o déficit habitacional de nosso país”, afirmou.Segundo o presidente da Cbic, o governo está cumprindo com o papel que cabe a ele. “Agora temos a obrigação de fazer a coisa vingar. Depois, partiremos para a extensão do número de habitações. Isso envolverá, além do governo e a Cbic, o movimento sindical, as secretarias estaduais e municipais, agentes financeiros, a cadeia produtiva e o Congresso Nacional”, disse. Safady acredita que não haverá, no Congresso Nacional, dificuldades para aprovar o projeto apresentado pelo governo. “Tenho certeza de que vai dar tudo certo e vamos conseguir implantá-lo. Duvido que os parlamentares coloquem dificuldades para aprovar uma proposta tão positiva para o país. E se tudo der certo e os parlamentares cumprirem com seu papel, até agosto do ano que vem 650 mil contratos estarão celebrados”, garantiu. Para Safady, não há riscos relativos à falta de material para a grande demanda que aguarda o setor. “Nesse aspecto o problema é zero. As indústrias estão preparadíssimas. Já no que se refere à mão-de-obra, certamente teremos algum problema, mas também estamos nos preparando para isso”, avaliou.A Cbic desenvolve, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, um curso de capacitação profissional visando a formação de 185 mil pessoas ligadas ao Bolsa Família para atuarem na construção civil. “Isso já está em andamento e temos 65 mil pessoas sendo preparadas para atuar nas obras ligadas ao PAC”, informou.