CNI: indústria mantém desconfiança em tempos de crise

23/04/2009 - 16h32

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Osempresários e executivos da indústria transformaçãomantêm desconfiança quanto ao desempenho da economiabrasileira e à realização de negócios noatual quadro de crise econômica mundial. A avaliaçãodos representantes da indústria melhorou, mas mantém-seabaixo da média. A informação é daConfederação Nacional da Indústria (CNI).Conformea entidade, o pessimismo refluiu na comparação entreabril e janeiro, mas prevalece no total entre os diferentes ramos eporte das empresas. Neste mês, o Índice de Confiançado Empresário Industrial (Icei) alcançou 49,4 pontos,um crescimento de 2 pontos na comparação com janeiro,mas 12,6 pontos abaixo do verificado no ano passado. O Icei varia de0 a 100 pontos.Participaramda amostra da pesquisa de opinião representantes de 1.259empresas. Cento e oitenta e sete empresas do universo pesquisado sãode grande porte (mais de 500 empregados); 366, de médio porte(de 100 a 499 empregados); e 706, de pequeno porte (mais de 20 a 99empregados). A apuração da confiança foi feitaentre os dias 1º e 23 deste mês.Dos 27subsetores da indústria de transformaçãoconsiderados, 19 têm índices abaixo de 50 pontos. Aindústria sucroalcooleira (com 33,3 pontos) e as empresasbeneficiadoras de madeira (com 42,2 pontos) foram consideradas asmais pessimistas.Aindústria automobilística, beneficiada com a reduçãoe isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados(IPI) desde dezembro, foi o setor que registrou o maior aumento deconfiança (mais 5,6 pontos, na comparação comjaneiro); seguido pela indústria de celulose (mais 5,2 pontos)e pelos fabricantes de máquinas e materiais elétricos(5 pontos). Apesar da melhoria, os três setores apresentamíndices inferiores a 50 pontos. Aconfiança variou conforme o porte das empresas. Segundo a CNI,o Icei das pequenas empresas baixou 2,7 pontos na comparaçãocom janeiro e atingiu o menor índice desde julho de 2002. Jáos índices das médias e grandes empresas aumentaram emrelação ao começo do ano. Os empresáriose executivos das grandes empresas foram os que registraram a maiorconfiança em abril: 51,8 pontos, enquanto o índice dasmédias empresas ficou em 48,8 pontos.De acordocom Marcelo Azevedo, analista de Políticas Industriais da CNI,“é normal” o deslocamento das expectativas e análisede conjuntura entre empresas de portes diferentes. Segundo ele, asgrandes empresas “foram as primeiras” a vislumbrar o cenáriode crise. Ele explica que, na cadeia produtiva, muitas pequenas emédias empresas “atuam como fornecedoras” e “estãoa reboque” da demanda das grandes empresas.Paraempresários e executivos, a avaliação das“condições atuais” é a pior em dez anos(33,2 pontos), 22,3 pontos abaixo do medido ano passado. Pesou naótica negativa dos entrevistados mais a situaçãoatual da economia brasileira do que as condições dasempresas.Apesar doquadro presente, o índice de expectativas registrou atingiu57,6 pontos, um crescimento de 4,5 pontos na comparaçãocom janeiro, mas 7,6 pontos abaixo do valor apurado em abril do anopassado. Segundo a CNI, os entrevistados registram mais otimismoquanto ao futuro de sua empresa (60 pontos) do quanto àeconomia brasileira (52,3 pontos). Os dois índices no entanto,ficaram abaixo dos registrados há um ano, 7,8 e 8 pontosabaixo respectivamente.ParaMarcelo Azevedo, as diferenças nas percepçõessobre a conjuntura e o desempenho da empresa tem a ver com o ambientemacroeconômico. “Pode não ter ocorrido nenhumademissão na empresa, por exemplo, mas pelo noticiárioos empresários tomam conhecimento dos efeitos da crise mesmoque não afetos imediatamente”. A próxima avaliaçãoda CNI sobre a confiança da indústria sai em julho.