Presidente da CPI dos grampos diz que Protógenes só poderia receber passagens com autorização da Polícia Federal

20/04/2009 - 20h12

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O recebimento de passagens aéreas pelo delegado Protógenes Queiroz, pagas pela Câmara dos Deputados para a bancada do P-SOL, foi classificado hoje (20) como ato político pelo deputado e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas, (também conhecida como CPI dos grampos), Marcelo Itagiba (PMDB/RJ),para quem Protógenes necessitaria de uma autorização da própria Polícia Federal para “fazer esse tipo de ação”. O delegado Protógenes Queiroz foi o coordenador da Operação Satiagraha, que resultou na prisão do banqueiro da Daniel Dantas, posteriormente solto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Depois de apresentar o relatório que incriminou o banqueiro, Protógenes acabou afastado das funções e está sendo investigado em inquérito da própria Polícia Federal por suspeita de vazar informações sigilosas da Operação Satiagraha para a imprensa. Ele ainda responde a uma sindicância interna para apurar participação em atividade político-partidária, o que é proibido pela instituição.“Para viajar e fazer esse tipo de ação, deve-se ter autorização de superiores. Quando se viaja pelo Departamento de Polícia Federal, viaja-se com passagens expedidas pelo departamento de Polícia Federal e com a expedição das devidas diárias. Esta questão me parece muito mais uma questão política do que institucional”, afirmou o deputado. Segundo ele, a emissão de passagens para o delegado por um partido político “não parece o [ato] mais correto e o mais adequado”. Em seu blog, o delegado Protógenes Queirroz se defendeu das acusações de utilizar indevidamente passagens aéreas destinadas pela Câmara ao PSOL, dizendo que é sempre convidado para proferir palestras pelo Brasil e desconhece como essas despesas são pagas. “Sou convidado, com freqüência, para proferir palestras em vários pontos do país, tendo sempre como tema meu trabalho cotidiano, ligado ao combate à corrupção e à criminalidade. Nada cobro e nada recebo por essas palestras além das passagens aéreas e, se necessário, a hospedagem, que são fornecidas por aqueles que fazem o convite. Desconheço por quem ou de que forma essas despesas são pagas”, diz o delegado. Para Protógenes,a notíciade que foi beneficiado com cotas de passagens da Câmara foi fabricada com “o propósito exclusivo de, em defesa do banqueiro condenado Daniel Dantas, criar situações que diminuam a força e energia deste cidadão que exerce o seu munus de natureza pública”.