Governadora diz que estado pagará até o fim do ano indenizações a vítimas de Carajás

17/04/2009 - 7h00

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na data que marca os 13anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, a governadora doPará, Ana Júlia Carepa, disse àAgência Brasil que em outubro deste ano serão pagas asindenizações ainda pendentes para cerca de 30trabalhadores rurais sem terra vítimas do incidente de 17 deabril de 1996, no sul do estado. Na ocasião, a PolíciaMilitar do Pará entrou em confronto com um grupo de manifestantes que pedia rapidez na  reforma agrária, obstruindo a Rodovia PA-150. Dezenove militantes foram mortos e centenas ficaram feridos, muitos commutilações pelo corpo. Desde abril de 2007, 22 famílias de sem-terra vítimas do massacre foram beneficiadas com pensões especiais e indenizaçõesconcedidas pelo governo. “ O estado reconheceu o direito das vítimas não sóde receber pensão, mas de receber assistência médica.Orientamos a Procuradoria a fazer acordos e a não protelar. OEstado já pagou R$ 1,2 milhão de indenizaçãono ano passado. Até outubro, vamos pagar para outras 30 pessoasque ou estavam lá, ou tinham parentes lá. Então,vamos zerar este ano esse processo de indenização”,afirmou Ana Júlia. A Agência Brasil tentou falar com pessoas que ainda aguardam pelas indenizações, mas não obteve sucesso. A governadora tambémanunciou que uma escola está sendo construída no Assentamento 17 de Abril, com capacidade para atender 3 mil alunos comensino médio profissionalizante. Pessoalmente, ela disseque o resultado do julgamento pela Justiça paraense - dos 144 policiais que responderam a processos, 142 foram absolvidos e apenas dois condenados - adecepcionou . “Nós lamentamos o resultado. Poderia serdiferenciado. Acredito que os recursos devem continuar para nãotermos mais impunidade”, afirmou Ana Júlia. Cerca de 90 policiais militares que participaram doincidente acabaram sendo promovidos a cabo no ano passado. O fato gerou críticas demovimentos sociais, mas segundo a governadora, a promoção foi aextensão de um direito já existente para oficiais e respeitou a preceito constitucional de que ninguém pode serprejudicado até ter um processo julgado de forma definitiva. “Se a Justiçajulgar que eles foram culpados, eles não só perderãoa promoção, como serão demitidos. A legislaçãoprevê a promoção por tempo de serviço”,explicou Ana Júlia. Ela ressaltou que a polícia paraense está hojepreparada para cumprir eventuais mandados de reintegraçãode posse, semnecessidade da requisição de forças federais desegurança. A medida chegou a ser defendida pela Subcomissãode Intermediação de Conflitos Agrários da Câmarados Deputados. “Trabalhamos com respeito às pessoas, sejamproprietários ou trabalhadores, mas não vamospatrocinar massacres”, disse a governadora.